João Pinto Ribau: “Usar a minha poesia para tocar as pessoas”
1-“Medo de Estar Aqui” é o seu primeiro livro: como espera poder olhar para ele daqui a 20 anos?
R-Como uma peça importante, certamente. Através deste livro, dei a conhecer, tanto aos que me rodeiam como aos que não me conheciam tão de perto, um pedaço de mim. Também como uma concretização, pois foi um objectivo que decidi para mim mesmo: partilhar algo, usar a minha poesia para tocar as pessoas, para lhes despertar sentimentos (tal como a poesia de outros autores fez comigo). Não é, contudo, uma concretização com final. Em “Medo de estar aqui” convido a mergulhar numa mente asfixiada pela imensidão do vazio, perdida e muitas vezes revoltada. Quero levar os leitores a sentirem comigo a solidão da perda, a desilusão e o abismo tentador que é a morte. Paradoxalmente, tenho pavor da solidão e da rejeição. Procuro dentro de mim as respostas para todos os males do mundo. Este livro desenrola-se em vários ritmos e cadências, mas sempre num tom intenso, apaixonado e apaixonante.
2-Qual a ideia que esteve na origem do livro?
R-A Poesia toca, de uma forma ou de outra. É algo aparentemente inanimado, mas não o é. Está bem vivo. Se, por um lado permite sonhar como muita escrita de ficção, por outro, quando é real, liberta um monstro de emoções que às vezes nem sabíamos que existiam em nós. Faz parte da nossa natureza humana partilharmos um pouco de nós, sobretudo aquilo que é forte, intenso – seja mais ou menos feliz.
3-Pensando no futuro: o que está a escrever neste momento?
R-Já idealizei algumas peças para monólogos. Mas dou por mim a escrever sempre poesia. Na poesia, a caneta escreve sem que tenha de parar muito para pensar. Parece que está mais ligada à mente e ao coração. E como gosto de ouvir os dois, deixo-os comandar. E, assim, já prometi continuar a escrever e tentar publicar o próximo livro de poesia. Sem objectivos temporais, ou racionais, mas posso adiantar que a caneta tem pintado umas letras com alguma facilidade. Vou aproveitar enquanto não se esgota a tinta e a sua vontade.
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João Pinto Ribau
Medo de Estar Aqui
Epopeia