João Pedro Mésseder: “A tentativa constante de manter aceso o gosto pela vida”

João Pedro Mésseder foi professor e reparte a sua obra por poesia, literatura para os mais novos e a ficção. Publicou cerca de 40 livros e recebeu diversos prémios literários. O mais recente foi o Prémio Nacional de Poesia da Vila de Fânzeres (2021).

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O que é para si a felicidade absoluta?
Saber sem problemas de saúde e pessoais aqueles que amo, e saber-me sem problemas de saúde de maior. E saber tudo isso tendo o mar em frente.

Qual considera ser o seu maior feito?
Entre ter sido capaz, contra tantos ventos e marés históricos, de manter a fidelidade ao essencial dos ideais da minha juventude e ter conseguido atravessar de avião o mundo para visitar o Japão, hesito.

Qual a sua maior extravagância?
A quantidade de livros que adquiro por mês.

Que palavra ou frase mais utiliza?
E-e-e-e-h… (não chega, hélas!, a ser uma palavra).

Qual o traço principal do seu carácter?
A tentativa constante de manter aceso o gosto pela vida.

O seu pior defeito?
Ser macambúzio, impaciente…

Qual a sua maior mágoa?
Não ter aprendido música a sério nem ter aprendido a tocar de forma minimamente aceitável um instrumento.

Qual o seu maior sonho?
Viver num país em que reinem a decência, a educação e as virtudes cívicas, e em que a desigualdade e a injustiça social se atenuem de forma evidente e consolidada.

Qual o dia mais feliz da sua vida?
O pudor de o dizer é mais forte. Digo o quarto dia mais feliz: o 25 de Abril de 1974.

Qual a sua máxima preferida?
O que o berço não dá, Salamanca não ensina.

Onde (e como) gostaria de viver?
Em Paris, ou em Roma. Com o nível socio-económico que tenho.

Qual a sua cor preferida?
O vermelho.

Qual a sua flor preferida?
O cravo vermelho.

O animal que mais simpatia lhe merece?
O gato.

Que compositores prefere?
Johann Sebastian Bach, Händel, Schubert. E ainda Violeta Parra, Chico Buarque, Milton Nascimento, Joni Mitchell, Paco Ibañez e José Afonso.

Pintores de eleição?
Vermeer e John Everett Millais. Paul Klee e Amadeo de Souza Cardoso.

Quais são os seus escritores favoritos?
Camilo, Eça, Aquilino, Nuno Bragança, Dinis Machado. Proust, Tomasi di Lampedusa, Ramón Gómez de la Serna, Primo Levi, Pavese, Ursula Wölfel, Kerouac, Millôr Fernandes.

Quais os poetas da sua eleição?
Camões, Pessanha, Pessoa, Sophia, Carlos de Oliveira. Bashô, Antonio Machado, Lorca, Cernuda, Violeta Parra (sim, a compositora e cantora), Manuel Bandeira, Drummond, Mário Quintana, Guillevic.

O que mais aprecia nos seus amigos?
Saberem contrariar o egocentrismo. A fidelidade e a lealdade. O espírito fraterno. A elegância e delicadeza de espírito e de palavra.

Quais são os seus heróis?
Em geral anti-heróis, como o Pedro Malasartes dos contos populares.

Quais são os seus heróis predilectos na ficção?
Tom Joad, de ‘The Grapes of Wrath’ (As Vinhas da Ira), de Steinbeck. O Malhadinhas, da novela homónima, de Aquilino, e ainda o Pedro, de ‘O Filho da Felícia ou a Inocência Recompensada’, e também a Salta-Pocinhas, de ‘Romance da Raposa’, todos de Aquilino Ribeiro. O rapazinho enfermo de ‘O Suave Milagre’, de Eça. Sal Paradise, de ‘On the Road’, de Kerouac. O rapazinho de ‘A Menina do Mar’, de Sophia, e O Polegarzinho, tanto o da versão Perrault do conto tradicional, como o da versão dos Irmãos Grimm. O homem que queria sentir medo, do conto com o mesmo título dos Grimm.

Qual a sua personagem histórica favorita?
Aristides de Sousa Mendes, Sofia Ferreira, Dias Lourenço, Álvaro Cunhal, os camponeses alentejanos que, em 1975, fizeram a Reforma Agrária. Difícil escolher.

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Lema de vida? 
Aprender até morrer.

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E qual é a sua personagem favorita na vida real?
O arquitecto Álvaro Siza. Os músicos/intérpretes Jordi Savall e Nathalie Stutzmann. A actriz Isabelle Huppert.

Que qualidade(s) mais aprecia num homem?
A coragem, a delicadeza de espírito e de palavra e a elegância.

E numa mulher?
A coragem, a delicadeza de espírito e de palavra e a elegância.

Que dom da natureza gostaria de possuir?
O canto dos pássaros.

Qual é para si a maior virtude?
A coragem.

Como gostaria de morrer?
A dormir.

Se pudesse escolher como regressar, quem gostaria de ser?
Um compositor musical.

Qual é o seu lema de vida?
Aprender até morrer.

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João Pedro Mésseder na “Novos Livros” | Entrevistas

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