João Alexandre Lopes: “Um regresso às origens”
1-O que representa, no contexto da sua obra, o livro «Porta dos Fogos»?
R-Foi mais um regresso às origens, por um lado, com uma carga e, aqui e além, uma violência algo inesperada. Ou já não esperada. Mas é o que é, estas coisas acontecem, saem. Por outro lado, foi o culminar de uma fase complicada, a roçar o absurdo, mesmo. Mas resistimos, surpreendentemente, a cada coisa. E ainda por cá andamos. Depois, toca a contar, a relatar, e neste caso até sei porquê: tinha de ser, era demasiado, tinha de sair. Não há grande vaidade nisto, era tudo demasiado mau para ser verdade, mas tem o seu quê, a sua benesse, aqui e ali. Como dizia o outro: “Às vezes vamos ali, na bicicleta, e… Isto vai soar a masoquismo, mas até sabe bem, ir ali a sofrer.”.
2-Qual a ideia que esteve na origem deste livro?
R-Não houve grande ideia, aconteceu. Depois, na reunião dos poemas, aí sim, juntei as dores e coisas lindas numa primeira parte, e deixei para a segunda o presente. Para acabar com o amor. Não lido bem com finais. Ou, por outra: não lido bem com finais tristes.
3-Pensando no futuro: o que está a escrever neste momento?
R-Escrevi muito, de tudo um pouco. Voltei às origens mas com os olhos de hoje e andei muito por ali. Com a minha mãe. Com aquelas terras, aquela luz, aquele sentir que parece o único verdadeiro – é normal sentir que jamais sentirei as coisas como ali, como naquele tempo. Não gosto, é duro. Adiante. Escrevi também sobre alguém que partiu, numa outra terra que também passou a ser minha – ou pelo menos quero acreditar nisso. Escrevi sobre aquilo, aquela, mas não há muito a dizer, era demasiado especial, única, não dá para ser retratada. Então saiu o que saiu. Mas quero sair disto tudo. Olhar para a frente. Um dia, quem sabe?
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João Alexandre Lopes
Porta dos Fogos
Volta d’Mar 10€