JOANA BÉRTHOLO



Joana Bértholo nasceu em 1982. Estudou design e Estudos Culturais. Na sua obra de ficção, destaque para: Ecologia (2018), Museu do Pensamento (2017), Inventário do Pó (2015), O Lago Avesso (2013), Havia (2012) e Diálogos para o Fim do Mundo (2010).
Ao longo da sua breve carreira, já recebeu o Prémio Maria Amália Vaz de Carvalho (2009) pelo livro Diálogos para o Fim do Mundo e ainda: 1.º lugar no Concurso Literário Persona (2006), Prémio Jovens Criadores – Literatura (Clube Português de Artes e Ideias, 2005), o Prémio Jovens Criadores 2005 e o Prémio Escrevendo a Partir da Pintura (FC Gulbenkian, 2000).
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1. O que é para si a felicidade absoluta?
R- Saber estar bem com o que se tem sem se perder a capacidade de sonhar.
2. Qual considera ser o seu
maior feito?
R- Espero que ainda esteja por vir…!

3. Qual a sua maior extravagância?

R- Insistir em navegar pela vida com uma forma de optimismo que facilmente roça o irrealismo.
4. Que palavra ou frase mais utiliza?

R- “Uau, que lindo” v
ariação “wow, brutal” ou agora em Berlim “wie schöne”…
5. Qual o traço principal do seu carácter?

R- Teimosia.

6. O seu pior defeito?

R- É também a minha maior qualidade.

7. Qual a sua maior mágoa?
R- Não alimento. O que passou, passou.

8. Qual o seu maior sonho?
R- Encontrar a minha tribo.

9. Qual o dia mais feliz da sua vida?
R- Hoje, é hoje. Amanhã, espero que seja amanhã.
Não acredito em dias vencedores, mas lembro-me de imensos dias em que pensei “uau, hoje podia bem ser o dia mais feliz da minha vida!”… estava geralmente de viagem nalgum lugar distante a fazer alguma coisa inusitada, pela primeira vez…
10. Qual a sua máxima preferida?
R- Gosto daquela “Os dias que não são teus amigos são teus professores”. E vivo de acordo com algumas que fazem parte dos “Diálogos para o Fim do Mundo” : “Se formos por todos os lados, havemos de lá chegar” é uma delas… 

11. Onde (e como) gostaria de viver?
R- Neste momento, gostaria de viver em Berlim, onde vivo, e gostaria de viver exactamente como vivo. Mas em algum momento gostava muito de vir a viver numa pequena comunidade, com pessoas próximas, certamente mais perto do Oceano, e talvez sair da cidade.
12. Qual a sua cor preferida?
R- Não tenho, gosto que exista o arco-íris.

13. Qual a sua flor preferida?
R- Não tenho, gosto que existam jardins.

14. O animal que mais simpatia lhe merece?

R- Nenhum em particular, gosto da arca de Noé.

15. Que compositores prefere?

R- Não tenho favoritos, diferentes compositores marcaram diferentes fases de vida, e tenho mais estima por uns que outros por conjecturas muito emocionais, e aleatórias. Estes dias ouço muito fado e muito tango, e muita “música do mundo” .

16. Pintores de eleição?

R- Toca-me o trabalho de Rothko, Klimt, Rivera, Tapiés… E tenho uma total admiração pelos clássicos holandeses e italianos, assim como uma fascinação pelos nomes óbvios – Picasso, Van Gogh…como eleger?… no geral sou mais dada às artes performativas, e os meus artistas de eleição são quase todos actores, dançarinos, ou noutra dimensão, os realizadores de cinema…
17. Quais são os seus escritores favoritos?

R- A obra da Agustina Bessa-Luis continua para mim a ter um lugar de destaque. Claro, Saramago, o Pessoa, o Eça. Também adoro Gonçalo M. Tavares, Mário de Carvalho, Lobo Antunes…Gosto da sensação de haverem tantas vozes com tanta qualidade, que esta lista seja longa. Se sair além fronteiras, então, é um Mundo. Trago sempre Calvino atrás, para onde quer que vá, e como o ano passado vivi na Argentina, ainda desfruto estes dias da fascinação da descoberta de Borges, Cortázar, etc.

18. Quais os poetas da sua eleição?

R- Herberto Helder. Mas devo acrescentar que leio pouco poesia.

19. O que mais aprecia nos seus amigos?

R- Que me espelhem as minhas limitações com amor.
20. Quais são os seus heróis?

R- Fascinam-me os heróis anónimos, os actos incógnitos de bravura e generosidade, aquelas pessoas que melhoram a vida de todos em seu redor sem nunca aparecerem em jornal ou memorial de nenhuma espécie.

21. Quais são os seus heróis predilectos na ficção?
R- Não tenho. Cada herói nos fala de uma capacidade inexplorada de nós mesmos – há que mantê-las no infinito…

22. Qual a sua personagem histórica favorita?

R- Há tantas vidas dignas de serem mencionadas e as quais admiro… no geral são pessoas que transcenderam a sua biografia individual ao serviço dos outros, e os nomes todos os conhecemos: Gandhi, Martin Luther King… felizmente não nos faltam fontes de inspiraçã a esse nível…

23. E qual é a sua personagem favorita na vida real?

R- Aquela que me coube a mim representar todos os dias no palco da vida…

24. Que qualidade(s) mais aprecia num homem?

R- Que não tema o feminino em si. Nem o masculino. Que não tema, enfim: Coragem.
É muito lugar-comum da minha parte, bem sei, mas sempre gosto de homens que me façam rir.
25. E numa mulher?

R- Que não tema o masculino em si. Nem o feminino. Que não tema, enfim: Coragem.
Vivemos uma época bonita para se ser mulher… aprecio mulheres que vou encontrando que estão bem cientes disso, e são cada vez mais.
26. Que dom da natureza gostaria de possuir?
R- Que dom da Natureza é que eu não possuo?…

27. Qual é para si a maior virtude?

R- Um profundo e luminoso sentido de humor.

28. Como gostaria de morrer?

R- Nunca dediquei muito tempo a pensar nisso, e talvez não seja ainda a altura para começar…

29. Se pudesse escolher como regressar, quem gostaria de ser?
R- Não sei. Estou tão entusiasmada com esta vida que sinceramente tento não dedicar tempo nem a pensar na próxima, nem nas anteriores…
30. Qual é o seu lema de vida?

R- Tentar manter em mente que os lemas de vida são apenas barómetros inspiradores os quais seguir a cada momento, e como tudo, também se desactualizam. Como lema: não me agarrar demasiado a nenhum lema, nem a uma convicção, muito menos a um desejo.