Joana Bértholo | Diálogos para o Fim do Mundo

1- O que representa, no contexto da sua obra, o livro «Diálogos para o Fim do Mundo»?
R-Os Diálogos são um momento muito importante para mim. Foram a primeira vez que parei com todas as outras actividades com que sempre me ocupei e me permiti estar uns meses exclusivamente a escrever. Representam a satisfação de se conseguir fechar um primeiro romance, e com isso a resposta afirmativa a uma pergunta que um dia me coloquei a mim mesma: “Mas afinal sou ou não capaz de escrever este livro?”


2- Qual a ideia que esteve na origem do livro?

R-Eu já trazia o título comigo há três ou quatro anos, mas a Faculdade e sucessivas viagens foram atrasando a escrita. O título, e o universo inicial donde o livro nasceu, partiram de uma fascinação que eu tinha em observar a passividade com colectivamente vivemos perante tempos inusitados em que o equilibrio do planeta está severamente ameaçado. Todos o sabemos, convivemos com essa pressão mediática e ecológica todos os dias, e no entanto… Eu achava a atitude das pessoas uma loucura…! Foi por aí que comecei a puxar o fio à narrativa…

3- Pensando no futuro: o que está a escrever neste momento?
R- Estou a começar a preparar o livro seguinte, que ameaça ser muito diferente deste. Este nasce de uma curiosidade sobre um certo ambiente politico e cultural no Portugal dos anos 50/60 e mais particularmente por uma fascinação com o desenrolar biografico de três artistas plásticos portugueses, figuras carismáticas que agarraram a minha atenção e povoaram o meu espírito, e que justamente andavam entre Lisboa e Paris nestes mesmos anos… Mas tudo isto ainda gatinha, estou em fase de pesquisa. Entretanto, estou a escrever sobretudo para o meu doutoramento, o que é uma escrita e um processo bastante diferente da escrita ficcional, claro. Estou curiosa de ver como os dois processos se podem vir a influenciar mutuamente…
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Joana Bértholo
Diálogos para o Fim do Mundo
Editorial Caminho