Jaime Ramos: “O nosso modelo económico é um desastre com baixos salários.”

1-Qual a ideia que esteve na origem deste livro «Sobressalto pela Esperança»?
R-Portugal pode ser um dos países mais prósperos do Mundo. Não estamos condenados a ser um dos mais pobres da União Europeia. Acredito que podemos ser um povo com excelente qualidade de vida, competitivos, com bons salários. Portugal viveu até aos Descobrimentos, em crescimento, com expansão territorial, mantendo-se aberto ao exterior. Esta expansão inicial beneficiou de apoios externos, nomeadamente dos Templários.
Depois iniciámos um processo de empobrecimento e de fecho aos outros de que é emblemática a expulsão dos judeus, a instalação da Inquisição e, depois, a perseguição aos jesuítas pelo Marquês de Pombal.
De 1960 a 1990 houve algum crescimento, mesmo com a Revolução.
Desde meados da década de 1990 entrámos num declive económico bem evidente ao sermos ultrapassado pela generalidade dos países que vieram da ex-URSS, e aderiram a União Europeia.
Temos um Estado demasiado obeso e caro, frequentemente ineficiente. É fácil dizer que a culpa é dos políticos ou das elites.
Temos uma cultura coletiva de irresponsabilidade individual. Com facilidade apontamos os dedos, e criticamos, os outros. Todos aprendemos a invocar os direitos individuais associados á liberdade e á igualdade, mas raramente assumimos os deveres cívicos ligados à fraternidade.

2-Porque faz um balanço negativo da actual situação de Portugal?
R-Temos uma democracia medíocre, blindada pelos partidos, dominados por elites medíocres, que marginalizam a participação das pessoas e alimentam uma bolha político-mediática.
Acentua-se o centralismo lisboeta, o esvaziamento populacional do interior. Somos um povo seguidista e faccioso. Temos tendência para o rebanho que segue o pastor, sem questionar, criticando quem pensa diferente, os adversários.
As nossas elites económicas, incluindo a comunicação social são, frequentemente, excessivamente gananciosas, avessas a sentimentos patrióticos, especializadas no “rentismo” do Estado.
As elites académicas têm sofrido com a degradação do ensino superior, onde sobra endogamia e impera o wookismo, o politicamente correto. Temos uma Escola fábrica de diplomas, que não promove o rigor nem a excelência, e que nivela por baixo.
Todos conhecemos os males de Portugal: o envelhecimento, baixa natalidade, assimetria litoral interior, gigantismo lisboeta versus despovoamento , balança externa deficitária , dívida pública e privada , baixa produtividade,  empobrecimento da classe média.
O nosso modelo económico é um desastre com baixos salários.

3-No seu livro propõe um abanão cívico: quem são os convocados e o que é preciso fazer?
R-Defendo uma cooperação entre a Maçonaria e a Igreja Católica que obrigue os dois maiores partidos a entendimentos estratégicos de médio prazo. Perante a degradação das elites económicas e políticas temos de procurar a Alma Pátria nas organizações Morais existentes no país. A mais importante é a Igreja Católica. Infelizmente vive um período de perda de influência, agravado pelo escândalo da pedofilia. A Maçonaria, ou melhor, as diversas organizações maçónicas, não podem continuar fechadas em catacumbas, alheias à realidade do País e à destruição da classe média. As maçonarias têm a obrigação de alertar a opinião pública, e suscitar o debate sobre a degradação moral e económica da Nação, para se encontrar políticas alternativas. As maçonarias devem desafiar a Igreja Católica, e outras organizações morais de menor dimensão, como os Templários, para se juntarem a este debate patriótico, bem como organizações cívicas como a SEDES. A Maçonaria deve abandonar o secretismo e a Igreja tem de sair do seu torpor. Ambas devem perder o medo de intervir e assumir o dever patriótico de debater o presente e o futuro de Portugal. O livro foi publicado antes da queda do Governo de António Costa. Atualmente temos um governo minoritário liderado pelo PSD. Se não refletirmos sobre as causas do nosso empobrecimento coletivo não é a mudança de uma maioria ou de um primeiro-ministro, que vai resolver os problemas nacionais.
__________
Jaime Ramos
Sobressalto pela Esperança
Guerra e Paz  16€

COMPRAR O LIVRO