Isabel Barreno | Corredores Secretos
1– O que representa, no contexto da sua obra, o livro “Corredores Secretos”?
R- Este é o meu quinto volume de contos. O conto é uma forma literária que, pela sua dimensão, obriga ao rigor e à contenção: a linha narrativa e as personagens têm que ser definidos com economia, têm que ser reduzidos ao essencial. Para além destas virtudes intrínsecas, o conto tem ainda a vantagem de poder ser começado e acabado num curto espaço de tempo – às vezes basta um fim-de-semana. A escrita de contos pode, portanto, acompanhar a escrita de um romance ou qualquer outro trabalho mais absorvente. Por vezes, é mesmo uma “pausa” benéfica.
Por estas razões, sempre gostei de escrever contos. É uma actividade que venho a exercer ao longo das últimas três décadas.
R- O que há de particular neste livro é o facto de ser uma recolha de textos escritos ao longo de vários anos. O mais antigo foi escrito em 1973 – para a página literária dum jornal já desaparecido, tendo sido inteiramente cortado pela censura então existente. Os outros foram escritos entre 1994 e 2001: alguns foram-me pedidos para antologias com temas específicos, outros nunca tinham sido publicados.
Trata-se portanto de um conjunto disperso no tempo. Mas, como digo na nota introdutória: chegou o dia em que se tornou evidente a teia que une esta escrita. Há temas e imagens recorrentes; por exemplo, na segunda parte do livro, há um mesmo mote que é glosado nos quatro contos aí reunidos.
3– Pensando no futuro: o que está a escrever neste momento?
R- Estou a escrever, e não gosto de falar daquilo que ainda está a ser escrito. Numa primeira fase, o silêncio é necessário para escutar as personagens que vão aparecendo. Poderei dizer que é um romance, e por agora é tudo.
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Isabel Barreno
Corredores Secretos
Sextante Editora, 14,50€