Inês Serra Lopes: Geringonça
1-Qual a ideia que esteve na origem deste livro «A Geringonça»?
R-Fazer um livro sobre o primeiro Governo que uniu a esquerda portuguesa foi um desafio que me fez o Pedro Sobral, director-geral da LeYa. A ideia era ver como tinha sido possível conciliar partidos de extrema esquerda, como o PCP e o Bloco de Esquerda, com o socialismo moderado do PS; como tinha funcionado “A Geringonça”; e também tentar perceber se o acordo sui generis que esteve na base da solução governativa dos últimos quatro anos era, ou não, repetível.
2-Escreveu este livro como uma grande reportagem e diz que se sentiu em casa: nesta época de fake news (e afins) ainda há espaço para o jornalismo a sério e de investigação?
R- Espaço para o jornalismo de investigação há, sem dúvida. Cada vez maior. Quanto mais proliferam as “fake news” nas redes sociais, nos “meios instantâneos” — que na verdade são meios de comunicação, mas não são comunicação social, não fazem jornalismo — mais necessidade as pessoas tem de ver certos assuntos seriamente investigados, de acordo com princípios e critérios certos e conhecidos. O problema principal não consiste em saber se existe espaço para o bom jornalismo. O problema é, antes, saber como ocupar esse espaço e como financiar projectos de informação isenta, segura e independente. Esse é o desafio actual do jornalismo. Enquanto não tenho resposta para essa questão, vou fazendo jornalismo em livros, um formato acessível mas que exige um tempo de reflexão e de maturidade da informação que é impossível nos “meios instantâneos”.
3-Neste momento, já está a trabalhar em novas reportagens (ou outras peças jornalísticas) que ganharão forma de livro?
R- Sim, estou a trabalhar numa investigação, também para a Oficina do Livro, que se debruça sobre uma questão actual e muito relevante, grande reportagem que espero conseguir lançar no primeiro trimestre do próximo ano.
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Inês Serra Lopes
A Geringonça
Oficina do Livro 15,20€
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