Histórias de Mia Couto e José Eduardo Agualusa
CRÓNICA
| Rui Miguel Rocha
Do Mia Couto e do José Eduardo Agualusa, o livro tem três histórias, antes peças de teatro, escritas a quatro mãos.
Na que dá o título ao livro: “O teu problema – disse-lhe Lara uma vez – é que te transformaste inteiramente no comissário Laranjeira. Devias tentar ser Lourenço mais vezes.” Não nos acontece a todos? Essas máscaras!
“Traz na cabeça um chapéu-coco, que nele, em vez de ridículo, parece inevitável.” Que inveja.
E as tão lindas conversões: “E eu percebi: para conquistar aquela dama, eu precisava de me converter ao Islão. E converti-me.” Mais à frente: “Não me converti ao Islão, não! Converti-me a ela.”
E verdades tão verdadeiras como “O riso é como a água: se tapamos a boca, ele sai pelos olhos.”
A fabulosa formação de “um mestre em espíritos, domador de demónios e dragões”: “O próximo mês dormirás nos cemitérios. No mês seguinte, dormirás nos sonhos de mulheres virgens. Farás assim até que elas despertem nos teus braços.”
E vice-versa?: “- Quando alguém está apaixonado, os abismos são como prados.”
E o objectivo de vida: “- É essa a minha missão. Sou um agente transformador. Transformo a dor em esperança.”
Foi mesmo o que tentou fazer, generosamente.
O segundo conto com um título lindo: “Chovem amores na rua do matador”, uma espécie de homenagem a Ruben Fonseca? “falinhas-mansas, mansinhas falansas”: apanhei-te Mia!
E o homem ideal: “anjo da cintura para cima e diabo da cintura para baixo.” E “sexo para os homens é o fim; para nós, mulheres, é apenas o princípio.
E o lindo “Preferia morrer a ver-te viúva.”
E por fim os sonhos: “Eu não gosto de sonhar, porque os sonhos são ainda mais imprevisíveis do que a vida.” Não sei se concordo.
E o último, “A caixa preta” o texto mais preparado para o palco.
Gostei como sempre gosto destes dois.
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José Eduardo Agualusa/Mia Couto
O Terrorista Elegante e Outras Histórias
Quetzal 18€
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