Gonçalo M. Tavares: O Osso do Meio
1-O que significa, no contexto da sua obra, o livro “O Osso do Meio”?
R-O Osso do Meio é uma pequena novela, um pequeno romance. Mas talvez nem tenha propriamente um género literário. Mas, decididamente, pertence ao mundo do Reino, mundo em que estão os outros romances como Jerusalém, Aprender a Rezar na Era da Técnica, Um Homem: Klaus Klump ou A Máquina de Joseph Walser. O Osso do Meio tem a ver com esse mundo do mal.
2-Qual a ideia que esteve na origem deste romance?
R-É, de alguma maneira, um estudo sobre quatro seres humanos (uma mulher e três homens) que são os abandonados da cidade. São quatro personagens solitárias, sozinhas, que tentam controlar o desespero da forma que conseguem. Uns não controlando mesmo e praticando crimes. Outros apenas deixando-se ir pela vida tentando encontrar alguém que os acompanhe mas nunca conseguindo. Portanto, é um romance sobre o medo, sobre a violência. De alguma maneira também atravessa os tempos que estamos a viver de medo e de perigo. Mas aqui é situado num espaço não definido e num tempo também não definido. É um livro sobre o desespero de quatro personagens que vão tentando encontrar um companheiro ou uma companheira e vão falhando em todas essas tentativas.
3-Pensando no futuro: o que está a escrever neste momento?
R-Enfim, pensando no futuro: eu estou sempre a escrever. Escrever para mim é um processo muito natural. Neste momento estou a começar uma ficção que não sei bem o que é e, portanto, agrada-me muito. Eu começo sempre a escrever não sabendo o que está a acontecer e o que é que vou fazer. E isso agrada-me. É isso.
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Gonçalo M. Tavares
O Osso do Meio
Relógio d’Água 17€