Gonçalo Couceiro Feio | A Guerra no Renascimento
R- O livro nasce de uma dissertação de doutoramento em Histórias apresentada à universidade de Lisboa em 2013. Dado que a investigação necessária foi muito abrangente e muito material foi recolhido e trabalhado, pensei em escrever um livro, sobre um tema e um período muito rico como referência cultural e histórica mas também pela sua complexidade.
2-Na investigação que fez, o que mais o surpreendeu?
R- O quão pouco sabemos sobre o dito Século de Ouro da História de Portugal. Na verdade, tanto se escreveu e tanto ainda hoje se julga saber sobre o período do suposto auge do império quando, na verdade, a única certeza que tenho é que se sabe muito menos do que se pensa.
3-No contexto português actual, qual a importância da História militar, do seu estudo e da sua divulgação?
R- A guerra é uma coisa horrível. Não deve haver coisa pior. Mas, quer queiramos quer não, é dos fenómenos mais relevantes na História; na forma como condiciona a vida das sociedades, dos estados, dos impérios. Vector de transmissão cultural, manifestação, também, de choque de distintas visões do mundo e de diversos interesses, é a continuação da política por outros meios, como dizia Clausewitz. Sobretudo, é o maior factor de disrupção, a par dos cataclismos naturais, da vida das sociedades. E só por isso merece ser estudada e compreendida. Não há uma História Militar fora da História. Uma e outra fazem parte do mesmo processo. Quanto mais soubermos da história militar de um povo, no caso, de Portugal e dos portugueses, mais saberemos de todos nós, em todas as nossas facetas. E é por isso que num país com Portugal, cuja história se encontra repleta de episódios militares, cuja sobrevivência do próprio Estado se deve à sua capacidade militar, em tantos momentos da sua história, que o estudo da história militar e sua divulgação fazem todo o sentido.
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Gonçalo Couceiro Feio
A Guerra no Renascimento
Esfera dos Livros 21€