Francisco Mota Saraiva: “Maior sonho? Tornar-me escritor”
Francisco Mota Saraiva acaba de ganhar o Prémio José Saramago (2024) com o romance Morramos ao menos no Porto. Anteriormente, o seu primeiro romance (Aqui onde canto e ardo) recebeu o Prémio Revelação Agustina Bessa-Luís, em 2023.
Francisco Mota Saraiva nasceu em Coimbra (1988) e é licenciado em Direito e mestre em Direito e Gestão.
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O que é para si a felicidade absoluta?
Pôr uma mesa, de linho branco, sentar os amigos, e, no final, sujá-la de nódoas de vinho.
Qual considera ser o seu maior feito?
Ter publicado um livro antes da minha morte.
Qual a sua maior extravagância?
Responder a um Questionário de Proust.
Que palavra ou frase mais utiliza?
Era uma vez…
Qual o traço principal do seu carácter?
Curvilíneo.
O seu pior defeito?
É contarem-me os sinais.
Qual a sua maior mágoa?
Não ter escrito a Recherche.
Qual o seu maior sonho?
Tornar-me escritor.
Qual o dia mais feliz da sua vida?
O dia em que eu, a minha mulher e o meu filho chegámos finalmente a casa vindos da maternidade.
Qual a sua máxima preferida?
Não é certamente a mínima.
Onde (e como) gostaria de viver?
Numa certa casa, no Douro, diante do rio e dos livros.
Qual a sua cor preferida?
Blues.
Qual a sua flor preferida?
Edelweiss, edelweiss… (simplesmente, ocorreu-me).
O animal que mais simpatia lhe merece?
Depois do elefante? O Homem.
Que compositores prefere?
Puccini, Verdi, Mahler, Debusy. Bach, obviamente, Bach.
Pintores de eleição?
Caravaggio, Rembrandt, Goya, Paula Rego. Também todos os que andam lá por casa.
Quais são os seus escritores favoritos?
Não quero ser injusto com ninguém. Assim, de chofre, treze amigos da sorte: Proust, Lobo Antunes, Dostoievski, Dickens, Saramago, Marías, Zweig, Céline, Gabo, Eça, Kafka, Agustina, Shakespeare…
Quais os poetas da sua eleição?
Camões (sobretudo os sonetos), W.B. Yeats e o Pavese e aquele seu livro de poemas que me persegue, Virá a morte e terá os teus olhos.
O que mais aprecia nos seus amigos?
A sua disponibilidade para ficarem para mais um copo, para mais uma conversa, para mais uma hora depois da hora.
Quais são os seus heróis?
A Joana, minha mulher.
Quais são os seus heróis predilectos na ficção?
Tintin, Corto Maltese, Dr. Jekyll (e Mr. Hyde), Jim Hawkins, Pedro Alecrim e Sherlock Holmes.
Qual a sua personagem histórica favorita?
Sou um iconoclasta, mas tenho de reconhecer que o Churchill era um figurão.
E qual é a sua personagem favorita na vida real?
Todas as que puder retirar de um livro do Dickens e encontrá-las na rua.
Que qualidade(s) mais aprecia num homem?
Coragem.
E numa mulher?
Coragem.
Que dom da natureza gostaria de possuir?
Uivar como os lobos uivam e cantar como as aves cantam.
O que é para si o cúmulo da miséria?
O exercício do pequeno poder.
Quais as falhas para que tem maior indulgência?
São sete: gula, avareza, luxúria, ira, inveja, preguiça e vaidade.
Qual é para si a maior virtude?
Bondade (em estado puro e absoluto, seja o que isso for).
Como gostaria de morrer?
Cheguei a ter esta ideia de morrer só, numa casa, na Ilha do Pico, de frente para o mar. Hoje, parece-me apenas uma ideia triste.
Se pudesse escolher como regressar, quem gostaria de ser?
Um certo escritor.
Qual é o seu lema de vida?
Tenho muito pouco de cavaleiro, paladino ou mosqueteiro para seguir lemas de vida.
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