Francisco Moita Flores | O Mistério do Caso de Campolide
R- É o meu primeiro livro policial. Uma aventura por uma técnica narrativa diferente, criando uma história de intriga detectivesca no apogeu do Estado Novo. É, por outro lado, uma resposta a centenas de leitores que me interpelavam para saber quando escreveria um romance policial. No contexto da minha carreira literária é mais um romance. Desta vez procurando decifrar as emergentes mentalidades dominadas pelo salazarismo. Julgo que é um bom romance.
2-Qual a ideia que esteve na origem deste livro?
R- O pretexto foi visitar o Estado Novo durante o seu apogeu. Salazar e o salazarismo são temas inquietantes dos quais nos aproximamos sempre com preconceito. Quis olhar este tempo com distância crítica. Ir para além da política e penetrar nos quotidianos de Lisboa. Foi um belo exercício que me continua apaixonar, e que continuo a estudar, mesmo após a publicação do Mistério do caso de Campolide.
3-De que forma a sua experiência profissional como investigador da Polícia Judiciária influenciou a escrita deste romance?
R- Influenciou bastante, como pode imaginar. Conheço bem os mecanismos de pensamento dos detectives, conheço bem a nossa criminalidade (a de hoje e de ontem), conheço o jargão, as motivações. Embora a acção decorra em 1937. Nessa altura a PIC, a Polícia de Investigação Criminal, que seria a ‘mãe’ da Polícia Judiciária já ganhara uma cultura própria no domínio da investigação. É seguramente o romance que escrevi até hoje, onde o meu passado serviu como objecto de pesquisa.
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Francisco Moita Flores
O Mistério do Caso de Campolide
Casa das Letras 18,90€