Francisco José Viegas | Liberal à Moda Antiga
R-Geralmente, os escritores têm algum receio de serem confrontados com as suas opiniões políticas. É uma atitude compreensível porque isso lhes pode retirar alguma «base de apoio», mas acho que se pode arriscar. O livro reúne parte das crónicas que, semanalmente, escrevi para o Jornal de Notícias durante oito anos. Retirei muitas, que eram muito datadas.
2- Qual a ideia que esteve na origem do livro?
R- A ideia de «liberal à moda antiga», justamente. Acho que todos somos, de uma maneira ou de outra, mais à esquerda ou mais à direita, marcados pela tradição liberal – ou seja, prezando a liberdade acima de tudo. Infelizmente, palavra degenerou numa série de subprodutos menores e desinteressantes, associada a «neo-liberalismo» ou outros. Acho que é preciso regressar à génese da palavra «liberal», a que a esquerda e a direita tentaram diminuir-lhe o sentido e o significado. A verdade é que mesmo as pessoas que contestam o «modelo liberal» vivem no interior dessa tradição liberal, do século XIX e até meados do século XX. Portugal sofre muito dessa ideia em que a palavra «liberal» tem uma carga negativa. É um país liberal sem liberais, ou seja, sem pessoas que prezem a liberdade e vigiem as ameaças à liberdade. A tentação anti-liberal é muito comum à esquerda e à direita, de resto.
3- Pensando no futuro: o que está a escrever neste momento?
R- Um romance. Sairá quando estiver pronto. Mas o que eu gostava de escrever era um livro sobre cozinha.
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