Fernando Évora | Amor e Liberdade de Germana Pata-Roxa

1 – O que representa, no
contexto da sua obra o livro “Amor e Liberdade de
Germana Pata-Roxa”?
R-Em termos literários sinto-me, essencialmente, um contista. Gosto imenso
deste género (também como leitor) a que alguém comparou a um combate de boxe
ganho por KO (ao contrário do romance que seria ganho aos pontos). Não indo por
comparação tão violenta, acho que as histórias curtas aproximam os homens, são
dos laços mais fortes da cultura humana (recordemo-nos das histórias infantis,
tradicionais ou até das anedotas). Posto isto, “Amor e Liberdade de Germana
Pata-Roxa” é uma coletânea de contos, de entre os melhores que escrevi nos
últimos dez anos. Escolhi os que pertenciam a um mesmo narrador e se passam num
tempo identificável que assiste ao crescimento desse narrador. Mas eu gostaria,
e tenho essa secreta esperança, que este livro não seja apenas uma coleção de
contos com um final que os une. Que seja mais qualquer coisa que ajude o leitor
a refletir nestes novos tempos (daí o sentido do primeiro conto, chamado
“Cérebro”, o único que é estranho ao narrador e tem lugar no futuro).
2- Qual a ideia que esteve na origem deste livro?
R-Diversas solicitações simultâneas para participar em obras conjuntas levaram
a que andasse a remexer em papéis e ficheiros, e tentasse dar alguma ordem aos
escritos (sou um ser profundamente desorganizado). A indecisão sobre qual conto
mandar para onde transformou-se em ideia de publicar alguns em coletânea,
particularmente os que senti que se sucediam naturalmente entre si (o que
funcionou como uma surpresa para o seu autor, pois havia-o feito de forma
inconsciente). E aí fui descoberto por mais duas histórias: “Liberdade”,
questão central ao conjunto dos textos escolhidos, e “Epílogo” que junta todas
as histórias. O livro estava feito, mas não era apenas uma coletânea de contos.
3- Pensando no futuro: o que está a escrever neste momento?
R-Este ano de 2013 ainda conto lançar, em parceria com Gonçalo Condeixa, os
“Hamsters de Biblioteca”, quarenta e uma pequenas histórias com ilustrações
desse grande artista. Mais uma vez não serão apenas histórias avulsas, mas uma
sequência que se pretende seja interpretada como uma metáfora da história de
Portugal no século XX/ XXI. Entretanto trabalho numa espécie de saga familiar,
que se intitulará, muito provavelmente, “Os Tios de César Valente Fraca”. Vamos
lá ver se neste último ganho o combate aos pontos! 
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Fernando Évora

Amor e Liberdade de Germana Pata-Roxa

Esfera do Caos