Fernando Cavaleiro Ângelo: Um testemunho sobre a DINFO

1-Qual a ideia que esteve na origem deste seu novo livro «DINFO-A Queda do Último Serviço Secreto Militar»?
R- Trazer ao conhecimento do público a atividade do único serviço de informações existente em Portugal depois da Revolução do Cravos, onde um conjunto de mulheres e homens tudo fizeram para que a nossa jovem democracia não entrasse numa situação que colocasse em risco a integridade e soberania nacional. A partilha de conhecimento destes agentes secretos da DINFO durante alguns anos de trabalho em conjunto, proporcionou ao autor a vontade de deixar este legado como forma de testemunho da importância que se reveste um serviço de informações para a segurança e defesa de um país.

2-Como caracteriza o papel e as funções da DINFO em Portugal entre 1974 e 1997?
R- Com a extinção da polícia política PIDE/DGS em 25 de abril de 1974, Portugal deixou de ter qualquer capacidade de pesquisa de informações. Na ausência de qualquer serviço de informações, a DINFO preencheu esta lacuna ao edificar uma capacidade de pesquisa coberta que contribuiu sobremaneira para a erradicação do terrorismo de extrema-direita e extrema-esquerda e, outrossim, as ações de espionagem que os serviços secretos soviéticos andavam a desenvolver em território nacional.

3-No âmbito da sua pesquisa, o que mais o surpreendeu sobre este organismo dos serviços secretos militares?
R- Partindo de uma posição sem qualquer capacidade desta natureza edificada, as mulheres e homens da DINFO foram treinados e frequentaram cursos com os melhores serviços secretos do mundo, atingindo de uma forma rápida um nível tal de proficiência e resultados, que muito contribuiu para erradicação destes agentes de ameaça que teimavam em querer prejudicar a nossa jovem democracia. Surpreendeu-me, e ainda hoje me continua a surpreender, que sempre que há a necessidade ou vontade para atacar de frente algum agente de ameaça, problema ou desafio, os portugueses conseguem derrubar barreiras e enfrentar desafios inimagináveis e alcançar resultados que muito honram e dignificam Portugal. A história testemunha isso mesmo, desde el-Rei D. João II, com a utilização do espião Prestes-João para obter informações secretas que proporcionassem vantagem competitiva ao reino, passando pela capacidade de manter três frentes de guerra ativas a milhares de quilómetros de Lisboa durante a apelidada Guerra Colonial, como as ações da DINFO que muito contribuíram para a segurança e estabilidade do nosso país.
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Fernando Cavaleiro Ângelo
DINFO-A Queda do Último Serviço Secreto Militar
Casa das Letras  19,90€

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