Eugénio Lisboa: Poemas em tempo de peste
1-O que representa, no contexto da sua obra, o livro “Poemas em Tempo de Peste”?
R- No contexto da minha poesia, representa, sobretudo, o aparecimento da sátira, não na sua modalidade punitiva, mas antes na modalidade terapêutica. Embora este livro não tenha apenas sátira: há, nele, lirismo ostensivo, nos meus poemas felinos e num ou outro mais elegíaco. Por mais que o livro pretenda reagir contra a melancolia dos confinados, esta é, por vezes, mais forte e tem, portanto, direito de representação.
2-Qual a ideia que esteve na origem deste livro?
R-Este livro começou por não ser um livro. No meio do confinamento que sabemos, dei comigo a escrever poemas desenfastiados e faceciosos para enviar a um número pequeno de amigos, para lhes levantar o moral, fazendo-os sorrir ou mesmo rir. Um desses bons amigos, Onésimo de Almeida, aconselhou-me, viva e repetidamente, a reunir os poemas em livro. Fui arrastando os pés, com mais do que algum cepticismo, até que cedi à sua insistência amiga. A Editora Guerra & Paz, trazida até mim pelo Onésimo, aceitou, destemidamente, publicar o livro, com uma tiragem generosa. Quem diz que não há milagres? Esta génese humilde de um livro não me apoquenta nada. A grande escritora sueca, Selma Lagerloff, dizia, na altura em que lhe deram o Nobel, que os seus livros não passavam de histórias que ela inventava para contar aos sobrinhos. O que levou o rendido e grande Thomas Mann a concluir que não há arte grande nem arte pequena: há só arte.
3-Pensando no futuro, o que está a escrever neste momento?
R-Além do meu diário, de um ou outro artigo para o JL ou para a LER e de um ou outro poema para amigos e felinos, ando, a pedido do meu editor da Guerra & Paz, Manuel Fonseca, a escrever um pequeno livro intitulado VAMOS LER!, que se propõe persuadir a tornar-se leitor todo aquele que, até agora, se tenha mostrado relutante em relação ao acto gostoso da leitura. Espero dar bons e vigorosos e convincentes argumentos para levar a minha água ao meu moinho. Nestes períodos em que a peste nos cerca e nos confina, o prazer da leitura é um espantoso recurso.
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Eugénio Lisboa
Poemas em Tempo de Peste
Guerra e Paz 11€
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Eugénio Lisboa na “Novos Livros” LER