Erling Kagge: Filosofia para exploradores polares
CRÓNICA
| Rui Miguel Rocha
Este livro acaba por ser uma súmula dos anteriores. A agitação do mundo moderno, infeliz, solitário e depressivo que “provêm em larga medida do estreitamento do mundo que ocorre quando estamos separados da natureza.”
De como não nos lembramos da infância e das suas infinitas hipóteses de futuro “é mais fácil deixar cair os nossos sonhos do que esquecermo-nos deles.”
Ultrapassar as dificuldades antes de pensar em mais “o dia torna-se muito melhor logo que todas as coisas desagradáveis foram ultrapassadas.”
A vontade de realizar os sonhos é inversamente proporcional à possibilidade de o fazer à medida que os anos vão passando, mas tudo não passa de um travão mental. “Tal como canta Nick Cave, you got it, and you have to keep on pushing.”
De como a Amnistia Internacional apareceu de uma leitura num jornal com a detenção de dois estudantes portugueses. Ou do conselho de “Amelia Earhart que atravessou sozinha o Atlântico em 1928: ‘Nunca interrompam alguém que está a fazer aquilo que disseram que não podia ser feito.’”
Um livro de auto-ajuda, sim. Mas também um testemunho de quem conseguiu e sabe que “a coragem pressupõe a presença do medo.” Pois “não estamos condenados à cobardia desde a nascença.”
Lê-se de uma penada e “o contentamento chegará a quem estiver contente.” Ouço muitas vezes que só faço aquilo que me dá prazer, mas não é bem isso, talvez o certo é transformar o que estou a fazer, mesmo se uma seca, em algo extraordinário: “o significado provém de tirarmos o melhor partido da situação em que estivermos inseridos.”
As coisas boas aparecem se lutarmos pelo que acreditamos. Ou como disse Viktor E. Frankl “tal como acontece com a felicidade, também não se pode correr atrás do sucesso.”
É mesmo quase sempre assim.
Não é?
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Erling Kagge
Filosofia para Exploradores Polares
Quetzal 16,60€