Enrique Vila-Matas | História Abreviada da Literatura Portátil

  1. 1-O que representa, no contexto da sua obra, o livro «História Abreviada da Literatura Portátil»?
    1. R- É, talvez, o livro que escrevi com maior alegria e liberdade criativa. Foi uma verdadeira festa escrevê-lo. E o público respondeu como se tivesse recebido a energia alegre. Desde então, atribuo a Lawrence Sterne e ao seu Tristram Shandy virtudes mágicas.
2-Qual a ideia que esteve na origem do livro?
R- A ideia surgiu de uma exposição de arte que vi em Paris à volta do tema (o conceito criado por Marcel Duchamp) das «máquinas solteiras». Tinham reproduzido nessa exposição as máquinas inúteis de Raymond Roussel, de Kafka na «Colónia Penitenciária», do próprio Duchamp. Ocorreu-me escrever um livro breve em que as diversas máquinas solteiras viajavam como loucas numa conspiração sem precedentes.

3-Pensando no futuro: o que está a escrever neste momento?
R- Há pouco tempo, recebi em Barcelona uma chamada telefónica de Paris. Uma amiga de Paul Auster que eu não conhecia pessoalmente e que é mundialmente famosa no mundo da arte fez-me um desafio que aceitei preocupado. É algo secreto e perigoso e que eu diria que vai mais além das relações entre vida e literatura. Estou aí… Embrenhado numa encomenda que surpreenderá se consigo levá-la a bom porto antes do mês de Maio do ano que vem.