E assim combater o medo de ser
CRÓNICA
| Rui Miguel Rocha
A fragilidade existe para sermos um pouco mais nós do que poderíamos esperar da existência.
Da Agustina “Na arte tudo vale, mesmo a raiva do talento.”
Tornar-se alta, respirar devagar, procurar o silêncio e esperar. E assim combater o medo de ser. Até os néscios o têm sem admitir, temos todos tanto medo de existir.
Mas devo deixar aos versos o seu papel voador:
“Com todo o medo que o amor requer”
“a minha presença é-me insuportável”
“uma forma de conseguir respirar ao contrário”
“a febre que se traz à nascença/alastrando os gestos de quem desaba”
“Custou-me muito esta roupa de carne”
“mas haverá sempre esperança nos loucos”
“Se ao menos pudesse receber pessoas nas axilas”
“Era tudo muito melhor quando imaginava”
“Sabia-se mais alta quando não falava”
“Esta mulher andando perigosamente de lado”
“Mulher outonal das viagens cardíacas”
“Sim, os campos são mulheres emergindo”
“É preciso acordar da cor de um lírio”
“Por agora estamos vivos”
Sim, Cláudia, não há outra forma de olhar para isto.
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Cláudia R. Sampaio
Uma Mulher Aparentemente Viva
Porto Editora 12,20€
Cláudia R. Sampaio na “Novos Livros” | Entrevistas