Doze conversas com escritores portugueses
1-Qual a ideia que esteve na origem deste seu livro Primeira Pessoa do Singular?
R- Não terá sido bem uma ideia, antes uma vontade que, num determinado momento, se tornou evidente. Posso dizer que partiu, em grande medida, das palavras de José Saramago, especificamente quando afirmou que “somos a memória que temos, sem memória não saberíamos quem somos”. A relação entre a memória e a identidade é algo que sempre me interessou. Procurar documentar o processo criativo de alguns dos nossos melhores escritores foi a forma que encontrei para contribuir para a preservação dessa memória coletiva que, no fundo, é o património cultural de todos os Portugueses.
2-Escolheu estes doze escritores com que critérios?
R- Antes de mais, permita-me esclarecer que este volume foi pensado como o primeiro de uma coleção de entrevistas às personalidades que mais se destacaram no panorama artístico e cultural do século XX. Entendi começar pelos escritores, uma vez que é o ramo ao qual estou mais afetivamente ligada. O primeiro critério foi, portanto, a data de publicação da primeira obra, que teria que ter ocorrido no século em análise. Os outros critérios que presidiram à seleção deste grupo foram a dimensão da voz literária, o valor estético da obra, o traço de portugalidade aliado a um sentido de universalidade e também a exploração das temáticas da memória e da história.
3-Teremos, em breve, mais entrevistas com autores que agora ficaram de fora?
R- Na verdade, gostaria de me focar agora noutro tipo de criadores também ligados às artes, mas não necessariamente à literatura. Certamente concordará que, a este nível, haverá ainda muito para explorar, mas neste momento ainda é bastante prematuro adiantar o que quer que seja sobre o assunto.
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Ana Araújo
Primeira Pessoa do Singular
Guerra e Paz 14€