Diogo Cavaleiro | Caixa Negra
1- De que trata este seu livro «Caixa Negra»?
R- O livro tenta fazer um relato do que de mais importante
aconteceu em torno da Caixa Geral de Depósitos nos últimos anos. O objectivo
foi, depois de uma capitalização que envolveu 3,9 mil milhões de euros
estatais, perceber o que causou essa necessidade. Em que se distinguiu a
instituição financeira em relação aos outros bancos foi outro dos aspectos
pesquisados. A ideia foi perceber a especificidade da Caixa: como é que a
questão da privatização influenciou a sua vida (é um tema que não afecta os
outros bancos), e como foi a relação com a política, nomeadamente nas nomeações
para a administração. Tentei olhar também para os negócios que foram polémicos
e que obrigaram, em parte, a esta capitalização de grande dimensão. Além disso,
quis perceber a influência que a CGD teve na vida de muitas empresas
portuguesas e como aconteceu por ser determinante para o seu destino.
aconteceu em torno da Caixa Geral de Depósitos nos últimos anos. O objectivo
foi, depois de uma capitalização que envolveu 3,9 mil milhões de euros
estatais, perceber o que causou essa necessidade. Em que se distinguiu a
instituição financeira em relação aos outros bancos foi outro dos aspectos
pesquisados. A ideia foi perceber a especificidade da Caixa: como é que a
questão da privatização influenciou a sua vida (é um tema que não afecta os
outros bancos), e como foi a relação com a política, nomeadamente nas nomeações
para a administração. Tentei olhar também para os negócios que foram polémicos
e que obrigaram, em parte, a esta capitalização de grande dimensão. Além disso,
quis perceber a influência que a CGD teve na vida de muitas empresas
portuguesas e como aconteceu por ser determinante para o seu destino.
2- Que novidades podemos encontrar no livro resultantes da
sua pesquisa?
sua pesquisa?
R- Acho que a grande mais-valia deste livro é, precisamente,
fazer uma compilação dos factos em torno da CGD. Acho que há aspectos
importantes referidos no livro e que ganham força com o facto de estarem
agregados. A forma como a CGD foi um instrumento para a estabilização
financeira, através não só da gestão do nacionalizado BPN, mas também com a
cedência de liquidez a outros bancos, é outra questão sublinhada no livro. Em
suma, acho que o mais importante das páginas que escrevi passa pela ideia de
que a CGD tem um caminho que se confunde, em muito, com a vida política e
económica do país: e essa é uma conclusão que mais facilmente se tira com todo
um relato conjunto do que apenas com factos parcelares que foram sendo
noticiados nestes anos.
fazer uma compilação dos factos em torno da CGD. Acho que há aspectos
importantes referidos no livro e que ganham força com o facto de estarem
agregados. A forma como a CGD foi um instrumento para a estabilização
financeira, através não só da gestão do nacionalizado BPN, mas também com a
cedência de liquidez a outros bancos, é outra questão sublinhada no livro. Em
suma, acho que o mais importante das páginas que escrevi passa pela ideia de
que a CGD tem um caminho que se confunde, em muito, com a vida política e
económica do país: e essa é uma conclusão que mais facilmente se tira com todo
um relato conjunto do que apenas com factos parcelares que foram sendo
noticiados nestes anos.
3- Do seu ponto de vista, Caixa é mais parte do problema ou
parte da solução no sistema bancário português?
parte da solução no sistema bancário português?
R- A Caixa exerce um papel importante na vida bancária
nacional. É o banco público e, segundo me fui apercebendo, é um banco em que a
população tem confiança pelo accionista Estado. O problema da CGD, parece-me,
foi o facto de ter estado envolvida em muitas matérias que foram além do que é
a actividade bancária central. A Caixa, mesmo sendo um banco público,
envolveu-se em várias operações de banca de investimento que lhe causaram
muitas perdas: são apostas que envolvem muito dinheiro e que, quando correm
mal, colocam-no em risco. Foi o que aconteceu. A exposição da Caixa a tantas
empresas, através das participações accionistas que aí detinha, foi outro dos
problemas que a CGD foi tendo – além de perdas financeiras, foi igualmente uma
perda de tempo – quanto mais tempo a pensar nessas empresas, menos tempo a
pensar no banco. De qualquer forma, acho que a instituição financeira está
agora a entrar numa nova fase em que muitos desses aspectos foram,
obrigatoriamente (por imposições externas e internas), deixados para trás, o
que permite assumir um papel diferente do anterior.
nacional. É o banco público e, segundo me fui apercebendo, é um banco em que a
população tem confiança pelo accionista Estado. O problema da CGD, parece-me,
foi o facto de ter estado envolvida em muitas matérias que foram além do que é
a actividade bancária central. A Caixa, mesmo sendo um banco público,
envolveu-se em várias operações de banca de investimento que lhe causaram
muitas perdas: são apostas que envolvem muito dinheiro e que, quando correm
mal, colocam-no em risco. Foi o que aconteceu. A exposição da Caixa a tantas
empresas, através das participações accionistas que aí detinha, foi outro dos
problemas que a CGD foi tendo – além de perdas financeiras, foi igualmente uma
perda de tempo – quanto mais tempo a pensar nessas empresas, menos tempo a
pensar no banco. De qualquer forma, acho que a instituição financeira está
agora a entrar numa nova fase em que muitos desses aspectos foram,
obrigatoriamente (por imposições externas e internas), deixados para trás, o
que permite assumir um papel diferente do anterior.
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Diogo Cavaleiro
Caixa Negra
Oficina do Livro 16,40€