Descobrir África

Henry Morton Stanley foi uma figura controvérsia que viveu num momento conturbado da História do século XIX, quando as potências europeias se lançavam à descoberta do continente africano. Mais do que um aventureiro e jornalista, Stanley era um ser insaciável: de aventura, de protagonismo, de sucesso. Galês pobre e abandonado, cedo emigra para Nova Orleães, onde é “adoptado” por Henry Stanley, mercador inglês de algodão de quem adopta o apelido. Depois de várias profissões sem história, encontra o seu destino no jornalismo e é já como repórter do “New York Herald” que parte para África com uma missão específica: encontrar o célebre explorador escocês Livingstone, de quem há anos não se tinham notícias, desconhecendo-se se estaria vivo ou morto. O jovem Stanley esteve à altura da sua missão: encontrou o explorador em Ujiji, nas margens do Tanganica (actual Tanzânia), sem dinheiro para prosseguir a sua missão ou regressar a casa.“Através do Continente Negro”, que a Publicações Europa-América acaba de editar, começa precisamente aí, quando regressado a Inglaterra da Guerra Ashanti, Santley sabe da morte de Linvingstone e empreende uma nova viagem de exploração por África, desta vez em busca das nascentes do Nilo e acabando por descobrir o rio Congo.É um relato na primeira pessoa, este em que Santley descreve as venturas e desventuras da viagem empreendida por África para terminar a missão que Livingstone tinha deixado inacabada: nada mais nada menos que recolher mais informações sobre o lago Vitória, descobrir as nascentes do Nilo e explorar a metade ocidental do continente africano, ainda desconhecida. A viagem era patrocinada, em parceria, por jornais dos dois lados do Atlântico: o inglês “Daily Telegraph” e o norte-americano “New York Herald”.Numa narrativa muito viva e entusiasmante, repleta de peripécias bem contadas, Santley dá conta das descobertas, das dificuldades, das guerras entre e com as tribos, das doenças e mortes que assolam a comitiva, das traições e fidelidades, das surpresas – atente-se, por exemplo, no “caso” dos rinocerontes de corno duplo!Ou seja, Stanley narra a aventura, mas não se fica por aí: oferece aos seus leitores uma descrição pormenorizada de tudo o que encontra: descreve povos, costumes, flora e fauna de uma África então quase desconhecida. Este é ainda o primeiro dos dois volumes que dão conta da expedição, completados por um mapa desdobrável e 149 gravuras a preto e branco. Memorável.

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Henry Morton Stanley

Através do Continente Negro (Vol. I)

Publicações Europa-América: €27,50