De novo no Continente Negro


O regresso a Zanzibar marca o desfecho da expedição de Henry Morton Stanley através Continente Negro e encerra também o segundo volume do relato.
Dividido em duas partes, o relato de H. M. Stanley “Através do Continente Negro” foi publicado em português pelas Publicações Europa-América, tendo chegado agora às livrarias o segundo volume.
É um relato na primeira pessoa, este em que Santley descreve as venturas e desventuras da viagem empreendida por África para terminar a missão que Livingstone tinha deixado inacabada: nada mais nada menos que recolher mais informações sobre o lago Vitória, descobrir as nascentes do Nilo e explorar a metade ocidental do continente africano, ainda desconhecida.
O segundo volume do relato da expedição, patrocinada em parceria pelos jornais “Daily Telegraph” (inglês) e “New York Herald” (norte-americano), começa em Ujiji, nas margens do Tanganica (actual Tanzânia), precisamente onde anos antes Stanley foi encontrar o desaparecido explorador escocês Livingstone – e termina em Zanzibar, com o regresso a casa dos membros africanos da expedição, que é o cumprimento da promessa que Stanley lhes havia feito no momento da partida. E narra, até, os dias de acerto de contas e a forma como foram identificados os familiares dos homens falecidos, para que a família recebesse o respectivo pagamento pelo trabalho prestado.
Mantendo a dinâmica narrativa que os leitores já conhecem do primeiro volume (publicado em Setembro do ano passado), Stanley descreve os muitos e diversos episódios por que passa a comitiva: os locais por onde passa, os povos com que se cruza e convive, os ataques de que é vítima, os homens que morrem e os bebés que nascem ao longo da travessia.
Para os portugueses, tem especial curiosidade o relato do encontro de Stanley com os portugueses Serpa Pinto, Brito Capelo e Roberto Ivens, em Angola, bem como a estadia na capital angolana.
«Após uma estada de oito dias em Cabinda, a expedição embarcou na canhoeira portuguesa Tâmega por cortesia do comandante José Marques e dirigiu-se para São Paulo de Luanda. Os oficiais portugueses distinguiram-se por um soberbo banquete e pela exibição de extraordinária cortesia para comigo e grande simpatia para com os meus acompanhantes. Dois cavalheiros, o major Serpa Pinto e o senhor José Avelino Fernandes, que estavam a bordo, levaram a sua hospitalidade ao extremo de me persuadirem a acompanhá-los à sua residência na capital de Angola», descreve Stanley (pág. 384).
Além das gravuras, este volume tem ainda a mais-valia de apresentar, em apêndice, um rudimentar dicionário das principais palavras em diferentes dialectos africanos, muitos deles recolhidos pelo próprio Stanley.
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Henry Morton Stanley, Através do Continente Negro (Vol. II)
Publicações Europa-América, 25.99€