David Machado | Deixem Falar as Pedras
1-O que representa, no contexto da sua obra, o livro «Deixem Falar as Pedras»?
R-Para escrever este romance tive que dar um passo para frente e dois para o lado, sem nunca perder de vista o lugar onde me encontrava antes. Primeiro, a imaginação, que é um tema frequente nas minhas narrativas, aparece aqui entrelaçada com a memória, porque a memória é, sobretudo, uma forma de imaginação. Em grande medida, também fugi ao meu imaginário habitual. Existem histórias e episódios rocambolescos, estranhos, quase fantásticos, mas ao mesmo tempo há uma parte do romance cheia de realismo, passada num ambiente urbano contemporâneo, que nunca tinha aparecido em nenhum dos meus outros livros. É mais fácil escrever sobre aquilo que está longe. Acontece que de repente me senti seguro o suficiente para escrever sobre o que vejo quando ando por Lisboa.
R-Para escrever este romance tive que dar um passo para frente e dois para o lado, sem nunca perder de vista o lugar onde me encontrava antes. Primeiro, a imaginação, que é um tema frequente nas minhas narrativas, aparece aqui entrelaçada com a memória, porque a memória é, sobretudo, uma forma de imaginação. Em grande medida, também fugi ao meu imaginário habitual. Existem histórias e episódios rocambolescos, estranhos, quase fantásticos, mas ao mesmo tempo há uma parte do romance cheia de realismo, passada num ambiente urbano contemporâneo, que nunca tinha aparecido em nenhum dos meus outros livros. É mais fácil escrever sobre aquilo que está longe. Acontece que de repente me senti seguro o suficiente para escrever sobre o que vejo quando ando por Lisboa.
2-Qual a ideia que esteve na origem do livro?
R-Li um livro chamado Guerrilheiros anti-Franquistas em Trás-os-Montes, de Bento da Cruz. É uma parte da nossa histórias que me interessava. Tinha ouvido o meu avô contar episódios dessa época e sempre me pareceu que eram histórias de índios e cowboys nas serras do Norte de Portugal, assaltos, emboscadas, cercos, tiroteios, heróis, vilões. Falei com o meu avô sobre um episódio em particular que vinha descrito no livro. O meu avô disse: “Não foi isso que aconteceu. O meu pai estava lá nesse dia e não foi isso que se passou.” Lembro-me de ter pensado que o mais importante para mim não era saber qual das versões estava certa, mas o facto de existirem duas versões distintas e contraditórias representando a verdade histórica. Esse é um dos temas centrais deste romance. E a acção começa precisamente durante a época em que os guerrilheiros anti-franquistas saltavam a fronteira para o lado de cá.
3-Pensando no futuro: o que está a escrever neste momento?
R-Neste momento tenho metade de um romance juvenil escrito. É uma história de fantasia que arrasto comigo há alguns anos. E apeteceu-me escrevê-la sobretudo porque ando a ler muitos livros desse género. E há também as primeiras páginas de um novo conto para crianças.
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David Machado
Deixem Falar as Pedras
Publicações D. Quixote, 15€
Deixem Falar as Pedras
Publicações D. Quixote, 15€