David Carvalhão: “Procuro ensinar a usar algumas ferramentas de Inteligência Artificial no dia-a-dia”

1-Qual a ideia que esteve na origem deste seu livro “Inteligência Artificial para Todos”?
R-A Inteligência Artificial é uma tecnologia que tem um elevadíssimo potencial disruptivo para a nossa sociedade. E, como outras tecnologias do passado, como é o caso da energia nuclear, é crucial que tenhamos a capacidade de fazer o seu correcto uso ou as consequências poderão ser devastadoras. No caso da energia nuclear, a falta de informação do público em geral sobre o tema associada a uma campanha de desinformação que visava diabolizar as suas aplicações civis levou a que, se por um lado foram criadas as instituições que permitiram evitar a proliferação das armas nucleares, por outro acabámos por nunca usufruir de todo o potencial desta tecnologia, o que acabou por contribuir para a criação da crise climática que vivemos hoje. O objectivo do livro é portanto de informar, de dar ao cidadão os conhecimentos necessários para compreender a tecnologia, a linguagem usada e as questões mais relevantes associadas ao seu uso, para que possa participar activamente no debate social e político que irá moldar o futuro das nossas Sociedades. Paralelamente, e porque esta será uma daquelas revoluções que, quem não acompanhar, ficará para trás, procuro ensinar a usar algumas ferramentas de Inteligência Artificial no dia-a-dia, para que possa começar já a beneficiar destas.

2-A Inteligência Artificial (IA) já é até tema de conversa de café: estaremos nós a simplificar em demasia um assunto muito sério e que vai condicionar as nossas vidas a curto prazo?
R-Parafraseando Richard Feynman se não formos capazes de explicar um tema complexo em termos simples, é porque não o compreendemos. Assim, e porque os cientistas não são tão diferentes do leitor como alguns gostam de pensar, não existe nenhuma razão para que a Inteligência Artificial não possa ser explicada e discutida usando termos e metáforas relativamente simples. É, aliás, o que procuro fazer no meu livro. Como tal, vejo com muito bons olhos a vulgarização do tema no dia-a-dia. Precisamente porque é um tema muito sério é importante que seja conversado e discutido por todos, e que estas conversas para além de informativas ajudem a moldar e direccionar as políticas públicas e regulamentações, fazendo com que a Sociedade beneficie das vantagens destas ferramentas enquanto se minimiza as suas potenciais consequências nefastas.

3-Do seu ponto de vista quais as três principais vantagens que a IA poderá trazer ao cidadão comum?
R-Em primeiro lugar, gostaria de chamar a atenção de que não estamos a falar no futuro, mas sim no presente. Já hoje a Inteligência Artificial aumenta a eficiência nas tarefas do dia-a-dia, por exemplo optimizando as rotas de trânsito na sua aplicação de navegação, eliminando os emails indesejados da sua caixa de correio electrónico ou adequando os conteúdos dos motores de pesquisas, redes sociais e sites para que encontre precisamente a informação que procura. Em segundo lugar, a IA pode melhorar o acesso a serviços essenciais como a saúde e a educação. Imagine ter um diagnóstico médico inicial através de uma aplicação no seu telemóvel ou seguir um plano de estudos personalizado que se adapta ao seu ritmo de aprendizagem. Mas o potencial que creio ser mais interessante é o de esta tecnologia contribuir para uma tomada de decisões mais informada. Com a capacidade de analisar grandes volumes de dados, a IA pode fornecer uma visão abrangente e, acima de tudo, acessível, sobre temas como  tendências económicas, ambientais, tecnológicas ou sociais, que nos afetam a todos mas que muitas vezes estão fora da nossa capacidade de compreensão individual, pelo menos em tempo útil. Isto deverá permitir que os cidadãos estejam melhor equipados para participar ativamente nas discussões e decisões que moldam a nossa sociedade, promovendo uma democracia mais participativa e consciente.
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David Carvalhão
Inteligência Artificial para Todos
Actual Editora  16,90€

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