David Rodrigues: “Escrever haiku, uma forma inesgotável e sempre inspiradora de estar na poesia”

1-O que representa, no contexto da sua obra poética, o livro Diafragmas?
R-O “Jornal de Letras” titulou um artigo que publicou sobre a minha poesia como “Um vício de olhar o mundo”. Achei um título feliz por sintetizar o meu persistente desejo de comprometer o que me rodeia.
Desde 2006 que publico livros de poesia e sempre com esta procura de encontrar formas sucintas (estamos, presentemente, soterrados em palavras), expressas de maneira simples (que procurem antes de mais fazer-se entender) e que se liguem a um movimento que as contextualize e lhes dê esperança. Encontrei na antiga forma japonesa de poesia “haiku” o espírito onde confluíam estes valores e assim tenho-me “abrigado” nesta forma e neste espírito para “olhar o mundo”. Este livro está na continuidade de outros livros que publiquei. Espero continuar a escrever haiku, uma forma inesgotável e sempre inspiradora de estar na poesia.

2-Qual a ideia que esteve na origem deste livro de haikus?
R-Este livro Diafragmas é como que um repositório de poemas que escrevi ao longo de cinco anos. Os temas pareciam muito divergentes, mas procurei encontrar uma organização que lhes desse sentido. Inspirado na filosofia da Grécia Clássica organizei os poemas em 4 capítulos: Água, Terra, Ar e Fogo cada um com uma simbologia própria. Na Água incluí os poemas mais próximos da tradição clássica do haiku, e com uma ligação mais intensa à Natureza, na Terra agrupei os haiku com maior significado social nomeadamente poemas dedicados à Guerra e à Pandemia, no Ar juntei os poemas mais satíricos (que no Japão se designam por senriu) e no Fogo ficaram os poemas de conteúdo mais sensual e erótico. Posso dizer que a ideia deste livro é bem eclética e espero que cada leitor encontre sempre um caminho por onde pode caminhar com as suas lembranças, com os seus sentimentos e com as suas emoções.

3-Pensando no futuro: o que está a escrever neste momento?
R-Estou a escrever pequenos textos (que por vezes também “desembocam” em poesias haiku) sobre as perplexidades e os desafios que se apresentam hoje às sociedades humanas. Os desafios da equidade, dos Direitos Humanos e da Solidariedade, estão mais vibrantes que nunca. Não quero escrever um diário mas um livro com o espírito do “Vivir Adrede” de Bennedetti. Para já só tenho um título e alguns textos. Quando tiver cerca de 100 (lá para o final de 2023…) penso então em podar e, quem sabe, publicar.
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David Rodrigues
Diafragmas
Elefante Editores  15€

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