Como o poder nos deixou em crise
A importância do jornalismo é reconhecida nas
sociedades democráticas. Investigar, confrontar e divulgar factos e informações
de interesse público é a tarefa dos profissionais, permitindo à sociedade tomar
conhecimento de situações ocultadas, conhecer novas facetas dos acontecimentos,
ter informação diversificada e suficiente para analisar, reflectir e formar
opinião.
sociedades democráticas. Investigar, confrontar e divulgar factos e informações
de interesse público é a tarefa dos profissionais, permitindo à sociedade tomar
conhecimento de situações ocultadas, conhecer novas facetas dos acontecimentos,
ter informação diversificada e suficiente para analisar, reflectir e formar
opinião.
Infelizmente, nos últimos anos o
jornalismo português nem sempre tem cumprido inteiramente a sua função, por
muitas e múltiplas razões, do encerramento de órgãos de comunicação social que
diminuem a pluralidade ao despedimento de jornalistas com mais experiência e à
precariedade laboral. Não esquecendo, claro, a crise por detrás destes factores.
jornalismo português nem sempre tem cumprido inteiramente a sua função, por
muitas e múltiplas razões, do encerramento de órgãos de comunicação social que
diminuem a pluralidade ao despedimento de jornalistas com mais experiência e à
precariedade laboral. Não esquecendo, claro, a crise por detrás destes factores.
Por isso é com enorme satisfação que
assistimos este ano à publicação de vários livros que resultam de investigações
jornalísticas. É o caso das obras dedicadas à banca e aos banqueiros, e à sua
responsabilidade nos anos de chumbo que vivemos.
assistimos este ano à publicação de vários livros que resultam de investigações
jornalísticas. É o caso das obras dedicadas à banca e aos banqueiros, e à sua
responsabilidade nos anos de chumbo que vivemos.
Destaquemos Jogos de Poder, do jornalista do Público Paulo Pena. Editado em Abril, antes do colapso do BES,
percorre de forma concisa e didáctica os anos da crise financeira, expondo de
forma clara aquilo que apelida por “a captura da política pela banca”, e não só em Portugal – o périplo
pelo “capitalismo de casino” vai de Lisboa a Reiquiavique, com paragens em
locais como Budapeste, Bruxelas ou Frankfurt.
percorre de forma concisa e didáctica os anos da crise financeira, expondo de
forma clara aquilo que apelida por “a captura da política pela banca”, e não só em Portugal – o périplo
pelo “capitalismo de casino” vai de Lisboa a Reiquiavique, com paragens em
locais como Budapeste, Bruxelas ou Frankfurt.
É a chamada “banca-sombra” a trabalhar,
pois muita da actividade financeira era realizada por empresas em paraísos
fiscais que não estavam sujeitas a regulação, através de fundos de private-equity e os hedge-funds.
pois muita da actividade financeira era realizada por empresas em paraísos
fiscais que não estavam sujeitas a regulação, através de fundos de private-equity e os hedge-funds.
Mas é especialmente dos
meandros da banca portuguesa que fala. Da crise financeira que
começou em 2008 à luta fratricida pelo controlo do BCP, dos negócios escondidos
do BPN ao BPP e aos empréstimos da CGD a outros bancos, da aposta da banca em
scetores como o imobiliário e a construção, dos acordos entre Estado e banca nos
swaps e PPP. Paulo Pena tudo escrutina.
E o Banco de Portugal não sai bem no retrato…
meandros da banca portuguesa que fala. Da crise financeira que
começou em 2008 à luta fratricida pelo controlo do BCP, dos negócios escondidos
do BPN ao BPP e aos empréstimos da CGD a outros bancos, da aposta da banca em
scetores como o imobiliário e a construção, dos acordos entre Estado e banca nos
swaps e PPP. Paulo Pena tudo escrutina.
E o Banco de Portugal não sai bem no retrato…
E, tão ou mais importante, lança luz sobre
a “bancocracia” portuguesa, essa captura da política pelo poder financeiro,
“tão velho como o sistema em que vivemos”.
a “bancocracia” portuguesa, essa captura da política pelo poder financeiro,
“tão velho como o sistema em que vivemos”.
“Nos 19 Governos constitucionais que tomaram
posse após o 25 de Abril, participaram 19 ministros das Finanças. Destes, 14
passaram pela banca ou instituições financeiras”, escreve o jornalista.
posse após o 25 de Abril, participaram 19 ministros das Finanças. Destes, 14
passaram pela banca ou instituições financeiras”, escreve o jornalista.
Como frisa, “todos os protagonistas da
crise bancária portuguesa estão ligados, por negócios, rivalidades,
cumplicidades”. E como peças de dominó, a queda da maior levou à sucessiva
queda das restantes. Começou no BCP.
crise bancária portuguesa estão ligados, por negócios, rivalidades,
cumplicidades”. E como peças de dominó, a queda da maior levou à sucessiva
queda das restantes. Começou no BCP.
_______________
Paulo Pena
Jogos
de Poder
de Poder
A esfera dos Livros, 16€