Cláudia Cruz Santos | Nenhuma Verdade se Escreve no Singular

1-«Nenhuma verdade se escreve no singular» é o seu primeiro
romance: como espera olhar para ele daqui a 20 anos?
R-Espero, daqui a 20 anos, recordar este livro com carinho e pensar que
correspondeu à concretização de um sonho. Um sonho que, estranhamente, só
descobri que realmente tinha depois de se ter tornado realidade. É bom, a meio
da vida, verificarmos que temos projectos novos e que há desafios que ainda nos
entusiasmam.
 
2-Qual a ideia que esteve na origem desta obra?
R-Havia várias histórias que queria contar e que tinham como elemento comum
envolverem pessoas que foram acusadas pela prática de crimes e que estão a ser
julgadas. Queria procurar as pessoas que estão por trás das máscaras de arguido
e de vítima afiveladas num julgamento penal, procurar a sua humanidade. E
pensei que o elemento unificador podia estar na juíza, Amália, que vai ouvindo
essas pessoas e que tem dúvidas sobre as respostas que encontra, quer no
trabalho, quer na sua vida pessoal.
 
3-Pensando no futuro: o que está a escrever neste momento?
R-Comecei a escrever uma história muito diferente, cujo epicentro é um homem
jovem e com uma vida confortável que a certo momento recebe um telefonema que
muda o curso da sua existência. Quero tratar a questão das escolhas individuais
e do acaso, indagando também o modo como vamos sendo cada vez mais determinados
pelas coisas, pelos objectos que nos rodeiam e de que a cada dia dependemos
mais, ainda que nem sempre de modo consciente. Mas estou longe do fim e a
narrativa pode ainda evoluir de várias formas. Espero ainda ser surpreendida
pela força da própria história.
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Cláudia Cruz Santos
Nenhuma Verdade se Escreve no Singular
Bertrand   16,60€