Carlos Vilela | Auto da Nave dos Loucos

1-O que representa, no contexto da sua obra, o livro «Auto da Nave dos Loucos»?
R- Representa o prazer de comunicar, de tentar encontrar cumplicidades com o leitor, sem cedências ao facilitismo duma escrita “soft” ou já “digerida”. Dou-me mal com a acefalia e a ausência de reflexão crítica, por isso, quero acreditar que é possível criar apelos ao prazer da leitura. Se o conseguir com o meu grão de escrita, sertir-me-ei feliz.
2-Qual a ideia que esteve na origem do livro?
R-Não sei como “tropecei” no Bartolomeu de Gusmão, contudo, procurava uma figura da nossa história comum. Ora, neste particular, somos ums país riquíssimo ao nível de figuras e eventos históricos passíveis de serem objecto de investigação científica e/ou de literatura. Pretendia um português que fizesse a ponte com o presente. Ei-lo. É um homem extraordinário: padre, vivendo o despotismo (mal) esclarecido do nosso séc. XVIII, com o olhar omnipresente da Inquisição e ainda assim, resolve criar uma machina para voar. Só mesmo um homem destemido (ou um louco).Um exemplo para todos nós. Passado, presente e futuro.
3-Pensando no futuro: o que está a escrever neste momento?
R- Neste momento, concluí a pesquisa histórica sobre a Inf. D. Maria de Portugal, filha de D. Manuel I. É uma história extraordinária, a sua vida. É uma das princesas mais bonitas, e talvez a mais culta e mais rica de toda a Europa. Razões de sobeja para casar rapidamente. Engano. A geo-política nacional e internacional ião encarregar-se de contrariar o aparente e óbvio. Será a “sempre noiva”. Pretendo que seja, para mim e para o leitor, uma ponte de reflexão para o presente.