Carlos Alberto Machado | Hipopótamos em Delagoa Bay
1- O que representa, no contexto da sua obra o livro
«Hipopótamos em Delagoa Bay»?
«Hipopótamos em Delagoa Bay»?
R- «Hipopótamos em Delagoa Bay» é antes de mais um exercício
de plena liberdade. Mando às urtigas ideias feitas (por mim e pelos outros)
sobre revoluções e independências, géneros literários e as eternas confusões
sobre a “presença” do autobiográfico na ficção e a factualidade da História;
passo criticamente em revista amores, vontades, anseios, perspectivas e
desejos. Exponho-me: digo-me e contradigo-me. Por isso, aquém e além de
classificações e categorizações, este é um livro livre. Quanto a “obra”, não
sei.
de plena liberdade. Mando às urtigas ideias feitas (por mim e pelos outros)
sobre revoluções e independências, géneros literários e as eternas confusões
sobre a “presença” do autobiográfico na ficção e a factualidade da História;
passo criticamente em revista amores, vontades, anseios, perspectivas e
desejos. Exponho-me: digo-me e contradigo-me. Por isso, aquém e além de
classificações e categorizações, este é um livro livre. Quanto a “obra”, não
sei.
2 – Qual a ideia que esteve na origem deste livro?
R- Em diferentes períodos da minha vida (1995 e 1998), por
razões profissionais, estive umas semanas em Maputo. Nesses tempos nasceram
ideias para um romance, escrevi alguns pedaços, delineei umas quantas figuras e
situações. Em 2010, estive quase dois meses em Moçambique (em especial em
Maputo), com uma Bolsa Criar Lusofonia (Centro Nacional de Cultura e DGLB).
Desarrumei então ideias e projectos e nasceu, uns seis meses depois, este
«Hipopótamos», que dificilmente terá uma síntese. Mas poderá ser assim:
«Hipopótamos em Delagoa Bay» é um tratado de cobardia sem mestre. Um ajuste de
contas com a traição. Um inventário de escombros. Um elucidário de sonhos. Um
jogo de memórias. Um ordálio. Uma expiação. Política. Corpos. Paixão.
Linguagem. No século XVIII, em Moçambique, a coroa austríaca instaura uma
feitoria em Delagoa Bay – o nome inglês para a baía de Lourenço Marques, ou do
Espírito Santo. Um século e meio depois, uma família alentejana, que teve nessa
feitoria um antepassado, traficante de marfim, chega a Lourenço Marques, na
altura em que Portugal começava a construir um país, outro país. Hermínio
Quaresma, o último representante dessa família, chega até aos nossos dias
atravessando a revolução portuguesa e a independência moçambicana. Uma peregrinação
pessoal que atravessa tempos e lugares, os das revoluções, dos encontros e
desencontros amorosos. A fazer e a desfazer estórias e a História. «Hipopótamos
em Delagoa Bay» é romance de tudo isto. Sempre atravessado por uma dúvida:
«houve aqui alguém que se enganou»?
razões profissionais, estive umas semanas em Maputo. Nesses tempos nasceram
ideias para um romance, escrevi alguns pedaços, delineei umas quantas figuras e
situações. Em 2010, estive quase dois meses em Moçambique (em especial em
Maputo), com uma Bolsa Criar Lusofonia (Centro Nacional de Cultura e DGLB).
Desarrumei então ideias e projectos e nasceu, uns seis meses depois, este
«Hipopótamos», que dificilmente terá uma síntese. Mas poderá ser assim:
«Hipopótamos em Delagoa Bay» é um tratado de cobardia sem mestre. Um ajuste de
contas com a traição. Um inventário de escombros. Um elucidário de sonhos. Um
jogo de memórias. Um ordálio. Uma expiação. Política. Corpos. Paixão.
Linguagem. No século XVIII, em Moçambique, a coroa austríaca instaura uma
feitoria em Delagoa Bay – o nome inglês para a baía de Lourenço Marques, ou do
Espírito Santo. Um século e meio depois, uma família alentejana, que teve nessa
feitoria um antepassado, traficante de marfim, chega a Lourenço Marques, na
altura em que Portugal começava a construir um país, outro país. Hermínio
Quaresma, o último representante dessa família, chega até aos nossos dias
atravessando a revolução portuguesa e a independência moçambicana. Uma peregrinação
pessoal que atravessa tempos e lugares, os das revoluções, dos encontros e
desencontros amorosos. A fazer e a desfazer estórias e a História. «Hipopótamos
em Delagoa Bay» é romance de tudo isto. Sempre atravessado por uma dúvida:
«houve aqui alguém que se enganou»?
3 – Pensando no futuro: o que está a escrever neste momento?
R- Além de muita coisa (sobretudo prosa e teatro) terminada
e em descanso de “gaveta” (disco rígido do computador) por vontade própria ou
por desinteresse dos editores, tenho dois textos teatrais em “banho-maria”,
poemas e esboços de contos lançados para cadernos e computador. Dou umas
complicadas voltas finais num romance que anda a ser escrito há meia dúzia de
anos e a rever outro, mais recente; outro, ainda, a mais de metade, parece-me.
e em descanso de “gaveta” (disco rígido do computador) por vontade própria ou
por desinteresse dos editores, tenho dois textos teatrais em “banho-maria”,
poemas e esboços de contos lançados para cadernos e computador. Dou umas
complicadas voltas finais num romance que anda a ser escrito há meia dúzia de
anos e a rever outro, mais recente; outro, ainda, a mais de metade, parece-me.
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Carlos Alberto Machado
Hipopótamos em Delagoa Bay
Abysmo