Carlos Alberto Machado e a editora Companhia das Ilhas

Uma editora é sempre uma aventura.
A Companhia das Ilhas nasceu nos Açores e assume o seu papel no panorama editorial português: editar com coerência, conquistar os seus leitores, divulgar autores de qualidade.
Carlos Alberto Machado, o director editorial, revela-nos intenções, objectivos e projectos.
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1 – Como descreve o projecto editorial que está na génese da
Companhia das Ilhas?

R – No clima de abafamento protagonizado pelos grandes
grupos editoriais, há muita gente a criar editoras de pequena escala e
independentes. Falando da Companhia das Ilhas: não queremos derrubar os
“Golias”, apenas ter o nosso próprio espaço criativo e editorial. À medida que
estes projectos de pequena e média envergadura se desenvolvem e solidificam, e
o conjunto deles se alarga, cria-se uma rede de minorias que faz com que a
criação literária e intelectual não fique confinada aos gostos totalitários e
totalizantes dos “editores” das “majors”, que tendem a impor o gosto, quanto
mais não seja porque não permitem a publicação de outros autores, etc. Também,
no nosso caso, o facto de eu próprio escrever influenciou o desenho do programa
editorial – um modo mais pessoal de encontros vários de poetas, dramaturgos,
prosadores, ensaístas: sem barreiras geracionais, sem “pensamentos únicos”.
2 – Em termos de géneros ou áreas temáticas, quais vão ser
as principais apostas da editora?
R – Vamos com 16 livros editados até hoje, maioritariamente
de poesia. Manteremos a poesia com mais visibilidade, mas continuaremos com o
teatro e a ficção, com tendência para crescer. Este ano inauguraremos uma
colecção para a infância e a juventude e outra de literatura de viagens (em
sentido muito amplo). Preparamos outra de ensaios (arte e pensamento-cultura,
sociedade-política).
3 – Para os próximos tempos, que títulos e autores têm em
carteira para surpreender e conquistar os leitores portugueses?
R – Teremos a presença de mais autores açorianos (os Açores
são a nossa base de trabalho), como o Urbano Bettencourt (poesia) ou o Rogério
Sousa (ficção). De outras áreas, o espanhol Ricardo Pérez Piñero e o
moçambicano Luís Carlos Patraquim, ambos na poesia. O dramaturgo Rui Pina
Coelho coordenará comigo uma colecção de teatro. Preparamos, com o Nuno Costa
Santos, uma açoriana revista de ficções. Na poesia, teremos obras de Helder
Moura Pereira, Manuel Fernando Gonçalves, Nuno Dempster, Luís Serra, Nuno Moura
e Rosalina Marshall. Para o final do ano teremos nova ficção, com o Valério
Romão – e eu talvez lance um livro de contos, vamos ver se vencemos a onda da
crise.
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COMPANHIA DAS ILHAS