Carla Rua: “Um verdadeiro exercício de catarse emocional”
1-“Outros Braços que não os meus” é o seu livro de estreia na poesia: como espera poder olhar para ele daqui a 20 anos?
R-Não sei muito bem se quero pensar em mim daqui a 20 anos. Significa que terei 70, se ainda por cá andar. O meu livro andará, espero eu! Mais ou menos lido, ficará como uma parte de mim que perdurará no tempo, pelo menos para a minha família e amigos. Nessa altura, espero poder olhar para ele como um marco importante no meu percurso de vida, como um ponto de viragem, como o momento em que me aceitei como sou, sem pudores e em que cresci e evolui emocionalmente. Gostaria de o ver como um ponto de partida para uma nova etapa e uma transição para um outro eu, mais confiante, renovado e de bem com a vida.
2-Qual a ideia que esteve na origem desta obra?
R-Os 30 poemas que compõem a obra foram “brotando” de forma muito natural ao longo de cerca de três anos, enquanto recuperava do fim de um relacionamento tóxico que durou quase 17 anos. Todo o processo de escrita constituiu uma análise profunda à minha maneira de ser e de estar na vida e, acima de tudo, a aceitação de quem sou. Foi também um perdoar ao outro, e mais do que isso, um perdoar-me, na tentativa de seguir em frente reconciliada com a vida e comigo própria. Foi um verdadeiro exercício de catarse emocional.
3-Pensando no futuro: o que está a escrever neste momento?
R-Estou quase sempre a escrever alguma coisa (ou pelo menos, a “escrevinhar”, como gosto de lhe chamar). Continua a ser na mesma linha, poesia. Ainda não tem forma definida. Vai surgindo aos poucos na minha cabeça e os fragmentos vão passando para o papel primeiro (porque as ideias surgem em qualquer lugar, a qualquer hora) e depois para o computador, de forma mais organizada. Como sou professora, no futuro gostava de escrever alguma coisa para o público mais jovem, mas sempre em verso.
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Carla Rua
Outros Braços que Não os Meus
Elefante Editores 10€