Branca Clara das Neves: Estamos Aqui


1-O que representa, no contexto da sua obra, o livro “Estamos Aqui»?
R-Estou bastante feliz por ter conseguido publicar este livro, que acaba de chegar à livrarias. Os leitores é que saberão o que representa ao sentirem as cores e as volutas dos textos, e as ilustrações entrelaçando-se lá. Repare que o título do livro não é “Estamos Aqui.” Já com papel e número passados, o nome do livro é “Estamos Aqui Twina Vava Nous Voici”. Publicar em Portugal também em kikongo e num francês com traços de lingala, constitui só por si uma declaração. E de certa forma, uma continuidade relativamente ao primeiro livro. Neste momento nutro-me do que já me escreveram os primeiros leitores: “(…) fiquei surpreendido pela viagem onde nos leva envolvendo o leitor no fascínio de um mundo por um lado desconhecido mas por outro tornado próximo”, “(…) perdido na narrativa, mas gostei tanto de estar perdido (…)”, “(…) São, pois, três pontos que convergem para fazer deste livro uma experiência tão interessante: o contraste entre o palpável e o intangível, o ritmo peculiar das palavras tão ajustado ao fluxo da história e a percepção de um percurso com tanto de inexplicável como de fascinante. A soma é um livro difícil de descrever, mas muito interessante.” Estas leituras de João Barrento, António Pinto Ribeiro, e Carla S. Ribeiro levam-me a pensar que este livro seja um pouco mais atrevido, mais longe do meu berço, mais robusto em raiz do que o “Luena Luanda Lisboa”, publicado em 2014. Talvez.

2-Qual a ideia que esteve na origem deste livro?
R-As personagens começaram a chamar-me de uma montra de uma galeria onde estava uma escultura Kongo em pedra. Uma maternidade magnífica, que está reinterpretada no livro.

3-Pensando no futuro: o que está a escrever neste momento?
R-Estou envolvida num tempo que foi uma época: o primeiro ano das independências de Angola, de São Tomé, de Moçambique, de Cabo Verde, e o segundo da Guiné, que proclamou a sua independência unilateralmente em 73, meses depois do assassinato de Amilcar Cabral. É um romance vivido numa casa de estudantes africanos que assistem a esse processo de muito longe e o celebram ardentemente. Na linha dos livros já publicados estou perto ainda do reinado de Lueji e do seu encontro com o Tshibinda Ilhunga, há muito com eles na grande pedra sobre o rio. Mas sentada ao contrário e com os ouvidos calados para não os incomodar. Tenho a sensação de que passo menos tempo aí do que devia. E há uma senhora que me visita dos tempos, agora mesmo aqui a atravessar este.
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Branca Clara das Neves
Estamos Aqui Twina Vava Nous Voici
Guerra e Paz  14,90€
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