Baltazar Martins Jesuíno: “A educação é um grande factor de felicidade”
1-Qual a ideia que esteve na origem deste livro que coordenou “Educação para a Felicidade e o Bem-Estar”?
R- Na sequência do livro Como Ser Feliz na Adversidade e no Mundo de Hoje impunha-se contribuir, juntamente com vários peritos nacionais e internacionais, na educação para a felicidade e para o bem-estar, para mais escolas felizes e para a felicidade e bem-estar de todos nós. A educação é um grande fator de felicidade, nomeadamente em aumentar os níveis de satisfação não só dos filhos como dos pais.
2-No âmbito deste livro, como são entendidos os conceitos de felicidade e de “ser feliz”?
R- São entendidos com base num horizonte alargado, inerente aos vários entendimentos científicos que existem sobre a felicidade – por exemplo, hedónica e eudemónica – e própria da sua complexidade. Felicidade é também bem-estar subjetivo, estar em paz consigo próprio e com os outros. Cada autor toca o conceito de uma perspetiva, simultaneamente única e comum, entrelaçando a visão de uma felicidade mais associada às experiências emocionais positivas, ou mais ligada ao propósito de vida, ou ao desenvolvimento pessoal, ou às relações interpessoais, em toda a sua centralidade na construção e manutenção da felicidade. Apresenta-se também a partir da sua importância para a saúde, física e psicológica, e para a longevidade, aos níveis individuais, mas também no seu papel para a produtividade e performance, e para a contribuição para o bem comum. Ser feliz é por isso aqui apresentado como uma experiência que não é linear, não é permanente, não é dependente do azar ou da sorte, mas é um processo de desenvolvimento de virtudes – da gratidão à empatia, da justiça ao apreço pela beleza ou pela aprendizagem, da resiliência à esperança e otimismo – dinâmico em si mesmo, esforçado e determinado, e que não se deve limitar a ser autodirigido, mas deve ser vivido na dialética da relação com os outros e da contribuição para a Polis, a comunidade.
3-De que formas a educação pode condicionar a felicidade das pessoas?
R- Pode ensinar a ver a vida apenas numa perspetiva de déficit – o que não tenho, o que me falta, o que não sou, as minhas falhas, as minhas insuficiências, quantas vezes os alunos saem da escola a saber aquilo em que não são competentes, em vez de conhecer as suas maiores forças. Pode destruir um sentido de autoeficácia e possibilidade de mudança e transformação, matando o otimismo face ao futuro. Pode evidenciar relações pouco contributivas, muito mecanicistas e instrumentais, e uma visão do mundo materialista. A educação para a felicidade combina o estímulo a uma boa imagem pessoal, baseada no conhecimento das forças e virtudes de cada um e na sua aplicação no dia a dia, na possibilidade de reconhecer o potencial e o desenvolver, na reafirmação das capacidades interpessoais, emocionais e de resiliência para lidar com os desafios da vida, e numa perspetiva relacional e espiritual da vida, onde a busca de um propósito e sentido de vida, alinhado com as virtudes de cada um, tornará os alunos/cidadãos em atores efetivos da sua qualidade de vida e da dos outros.
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Baltazar Martins Jesuíno
Educação para Felicidade e o Bem-Estar
RH Editora 28€