António Garcia Barreto: “Como uma bofetada no politicamente correcto”

1-O que representa, no contexto da sua obra, o livro «Querubim, o Filho da Puta»?
R-É a afirmação de um trabalho ao nível da ficção literária e da linguagem, que vem de trás, possibilitando novas expressões e novos enredos, com exploração do fenómeno social e da ambivalência própria do ser humano em relação aos outros e ao meio em que se insere. Tudo isto, sem esquecer que a ficção literária necessita de uma boa estória para se afirmar perante o leitor.

2-Qual a ideia que esteve na origem deste romance?
R-Eu tinha dois cenários que me encantavam (entre outros) quando parti para escrever o livro: a cidade de Annecy, em França, e Londres, Inglaterra. O título surgiu-me de imediato, como uma bofetada no politicamente correto. Depois, havia a questão da Guerra Colonial, que nunca abandona a memória de quem nela participou. Sobretudo, interessou-me a questão lateral daqueles jovens que tinham a coragem de fugir de Portugal, fugindo à guerra. Com tudo isso convergia o 25 de Abril de 1974, que também não abandona a memória de quem viveu antes dessa data. Faltava só um enredo, uma estória, para preencher esses cenários e essas realidades. Nada melhor que uma estória de amor infeliz, com laivos de thriller, para servir de argamassa ao conjunto.

3-Pensando no futuro: o que está a escrever neste momento?
R-Tenho alguns originais na gaveta prontos para publicação. O editor tem um em seu poder. Terminei agora de rever um outro trabalho que me deu muito gozo escrever: uma novela policial (com um detetive privado), que intitulei «O Regresso do Primo Basílio». Tem por base o desaparecimento da primeira edição, de 1878, do romance «O Primo Basílio», de Eça de Queiroz, no seguimento de um negócio entre bibliófilos patrocinado por uma livraria. O romance desaparece e com ele o estafeta e a mota em que se fazia transportar durante o ato de entregar do livro ao comprador. No passado da estória há um par de namorados universitários: ele diz chamar-se Basílio e ela Luísa, que são os nomes das personagens principais da obra do Eça. O resto fica para quem ler o livro.
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António Garcia Barreto
Querubim, o Filho da Puta
Guerra e Paz  15,50€

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