Américo Brás Carlos: “Contar uma história com uma boa fatia de factos e coincidências extraordinários”
1-O que representa, no contexto da sua obra, o seu novo livro «O Riso dos Dias»?
R-Sim, parece haver uma certa ideia de “contexto” que desagua neste romance. Após quatro livros de poemas, sendo metade do último já em prosa poética, a que se seguiu um outro de investigação histórica, acreditei que tinha “a mão” sofrivelmente apurada para concluir e dar à estampa o primeiro dos dois romances que tinha na cabeça. E assim nasceu «O Riso dos Dias». Aliás, acredito que ter vindo da poesia – naturalmente como a escrevo – marcou a escrita deste livro. Leitores e amigos escritores que tiveram a amabilidade de o ler, indicam a fluência e o ritmo como o seu grande trunfo. Acredito que isso, e uma certa depuração, se devem à “oficina” poética.
2-Qual a ideia que esteve na origem deste romance?
R-Não haverá nada de muito surpreendente se disser que na origem deste romance está a “necessidade” de contar uma história com uma boa fatia de factos e coincidências extraordinários que trazia comigo há décadas. Creio que é muitas vezes assim. No caso, depois de participar nas operações militares da madrugada e manhã do dia 25 de abril de 1974, cumpri o serviço militar obrigatório em Luanda durante os meses que antecederam a sua independência, vivendo no centro do turbilhão de morte (muitos milhares de vítimas, não duvido) e desespero resultantes da guerra urbana entre MPLA, FNLA e UNITA. Depois, as três histórias de amor, que atravessam outras tantas gerações da mesma família, ligam aqueles factos históricos e “humanizam” (valha-nos isso!) a narrativa.
3-Pensando no futuro: o que está a escrever neste momento?
R-Estou a estudar “o ambiente” em que se desenrola o romance seguinte. Também ele tange com um momento histórico da nossa vida coletiva. Vamos ver por que caminhos irá. Certo, certo, é que demorará muitos meses.
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Américo Brás Carlos
O Riso dos Dias
Minotauro 16,90€