Álvaro Laborinho Lúcio | O Homem que Escrevia Azulejos


1- 0 que representa, no contexto da sua obra, o livro “O
Homem que Escrevia Azulejos”?
R- Sendo este a segundo romance que escrevo, ele representa
para mim um princípio de prova quanto à minha capacidade para continuar. O
terceiro constituirá a prova definitiva, mas a recepção que este tiver vai ter
uma grande importância. Como costumo afirmar, não me sinto escritor, não
bastando, para isso, escrever ou querer sê-lo. O primeiro romance correu bem,
esperemos pelo resultado deste.

2- Qual a ideia que esteve na origem deste livro?
R- A ideia central resultou do questionamento que faço sobre
o tipo de sociedade que estamos a construir. Por isso o livro, sendo um romance
no verdadeiro sentido do termo, desenvolve-se em volta do valor do tempo, do
poder de cada um de nós sobre ele, da nossa capacidade de afirmarmos um
pensamento próprio e crítico, das nossas ilusões, das frustrações que se lhes
seguiram. As personagens principais têm todas em comum o terem ficado fora
desse tempo, do chamado «novo ciclo» e, aí chegadas, excluídas pela realidade, tendem
a tornar-se clandestinas. Qual o lugar aí do amor, da arte, do compromisso, do
poder e do político, tudo converge para dar sentido à trama em que se analisa a
narrativa.
3- Pensando no futuro, o que está a escrever neste momento?
R- Neste momento, estou apenas a traçar um primeiro esboço,
muito ténue ainda, daquilo que virá a ser, espero bem, o terceiro romance.
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Álvaro Laborinho Lúcio
O Homem que Escrevia Azulejos
Quetzal, 16,60€