Álvaro Laborinho Lúcio: O Beco da Liberdade

1-O que representa, no contexto da sua obra, o livro «O Beco da Liberdade»?
R- Entre a ficção e o ensaio, o Beco da Liberdade é o meu terceiro romance depois de O Chamador, de 2014, e de O Homem Que Escrevia Azulejos, de 2016. Não constituindo eles uma trilogia e, assim, não havendo relação directa entre os três, um traço comum pode encontrar-se a aproximá-los: a condição humana e a busca de uma compreensão para o seu sentido e limites. De todo o modo, nos três casos, é de romance que se trata, de ficção pura, e não de ensaio, forma para a qual encontrei outros temas, como, por exemplo, num misto de crónica e de ensaio, O Julgamento – Uma Narrativa Crítica da Justiça, onde trato, como o próprio título indica, de forma crítica, o funcionamento da justiça entre nós, nos últimos cinquenta anos.

2-Qual a ideia que esteve na origem deste livro?
R-Tudo partiu da recordação de um almoço, realmente ocorrido há mais de trinta anos, e no qual se imaginava a criação de uma série televisiva sobre casos de justiça, reais ou imaginados. O projecto não prosseguiu e agora dois dos comensais voltam a encontrar-se, no mesmo local, onde, um deles diz ao outro que se ele tem um romance para escrever, há um jornalista, seu conhecido, que tem uma história para contar. Daí se parte para toda a trama da obra, dividida em duas partes, a primeira a decorrer no interior norte do país, há mais cinquenta anos; a outra já nos nossos dias. Uma vez mais, são o Bem e o Mal que vêm à cena, é ainda e sempre a condição humana na sua fragilidade e na sua força e marcar as personagens e, espero eu, a desafiar permanentemente o leitor.

3-Pensando no futuro: o que está a escrever neste momento?
R- Curiosamente este O Beco da Liberdade é um romance que não deixa de interpelar o futuro ou, melhor, a questão de sabermos quem somos nós diante de um futuro que cada vez menos nos cabe construir. Neste momento, estou ainda a recolher material para um próximo romance que vai ficar-se pelo presente e pelo passado mais recente, talvez, no seu conjunto, pelos últimos cem anos. Parece-me um bom lugar para se olhar o futuro. Para soltar uma boa gargalhada diante dele.
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Álvaro Laborinho Lúcio
O Beco da Liberdade
Quetzal Editores  16,60€

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