Alexandra Lucas Coelho sobre Mumtazz

CRÓNICA
| Rui Miguel Rocha

Ou como um livro tão pequeno pode trazer tanta informação e literatura. Não conheço o trabalho da Mumtazz, mas vou conhecer. Foi muito bem celebrada pela Alexandra, mesmo tendo esta que passar por uma biblioteca alagada com “casulos, colónias”, livros que “largaram a pele como lagartos, capas, contracapas.” Ou de como transformar o horror em literatura. O oriente sempre presente, a começar na “Iniji de Michaux” ou na “Inanna de Enheduanna”, a mulher que deu início a tudo em Ur, muito antes de qualquer homem. E dela tudo herdou Mumtazz, “uma espartana cintilante”, “coisas de quem trazia a própria luz”. 

Sem a arte o que seríamos? “Sem livros, não estaríamos aqui.”

E é bom lembrar que Mumtazz, o nome que a nossa artista tomou, “é a mulher para quem foi feito o Taj Mahal.” O traço que une Lisboa a Cabul. A viagem como arte, e também o contrário “o osso do movimento: um desenho”. Como escreveu Mum: “You and the other are one”.

E ainda sobre o fim que não sabemos se recomeço: “para quem se despede assim não há última morada”.

Três frases para acabar:

“Costurar até não haver costura: o inconsútil.”

“Longo é o luto, o Oriente sabe. O Oriente sabe sempre antes de nós.”

“Porque nascemos para começar tudo, não?”

Espero que sim.
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Alexandra Lucas Coelho
Mumtazz
Editorial Caminho  12,90€

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