Ação coletiva numa Europa desigual
São muitas
as variáveis que explicam por que razão umas pessoas aderem mais a ações
coletivas do que outras – e o mesmo se aplica aos países. O sociólogo e
professor universitário Nuno Nunes partiu da problemática das desigualdades
sociais e da análise das classes, tomou a Europa como objeto e estudou as
consequências relevantes sobre a ação coletiva dos cidadãos. O resultado é o
livro Desigualdades sociais e práticas de
ação coletiva na Europa, que tem por base a sua tese de Doutoramento.
as variáveis que explicam por que razão umas pessoas aderem mais a ações
coletivas do que outras – e o mesmo se aplica aos países. O sociólogo e
professor universitário Nuno Nunes partiu da problemática das desigualdades
sociais e da análise das classes, tomou a Europa como objeto e estudou as
consequências relevantes sobre a ação coletiva dos cidadãos. O resultado é o
livro Desigualdades sociais e práticas de
ação coletiva na Europa, que tem por base a sua tese de Doutoramento.
Sendo a
Europa palco central da modernidade ocidental e verificando-se atualmente
profundas mudanças no funcionamento das sociedades, o estudo da ação coletiva e
dos movimentos sociais ganha toda a relevância. Tanto mais que, como recorda o
autor, “as desigualdades sociais estiveram no centro das reivindicações sociais
e políticas produzidas na Europa, marcando definitivamente a sua história”.
Europa palco central da modernidade ocidental e verificando-se atualmente
profundas mudanças no funcionamento das sociedades, o estudo da ação coletiva e
dos movimentos sociais ganha toda a relevância. Tanto mais que, como recorda o
autor, “as desigualdades sociais estiveram no centro das reivindicações sociais
e políticas produzidas na Europa, marcando definitivamente a sua história”.
Na sua
investigação, Nuno Nunes quis observar se as múltiplas desigualdades que
atravessam as sociedades europeias “produzem consequências sociais relevantes
sobre a ação coletiva dos seus cidadãos”.
investigação, Nuno Nunes quis observar se as múltiplas desigualdades que
atravessam as sociedades europeias “produzem consequências sociais relevantes
sobre a ação coletiva dos seus cidadãos”.
A resposta
é sim, tanto a nível nacional como no conjunto do espaço europeu. “Verificou-se
que a ação coletiva é diretamente influenciada por um quadro social
multidimensional de desigualdades de classe, de género, económicas e de
desenvolvimento, educativas e tecnológicas, laborais e sociopolíticas que
condicionam fortemente a ação coletiva na Europa.”
é sim, tanto a nível nacional como no conjunto do espaço europeu. “Verificou-se
que a ação coletiva é diretamente influenciada por um quadro social
multidimensional de desigualdades de classe, de género, económicas e de
desenvolvimento, educativas e tecnológicas, laborais e sociopolíticas que
condicionam fortemente a ação coletiva na Europa.”
Recorrendo
a inquéritos internacionais como European Social Survey, a investigação apurou
a segmentação do espaço europeu em quatro grupos de países: a Europa do Norte,
com maior intensidade de práticas de ação coletiva, nomeadamente a atividade em
associações, assinatura de petições e o boicote de produtos; a Europa
Ocidental, que se carateriza pela presença regular no seu espaço social de
todas as práticas de ação coletiva, embora com menos intensidade do que no
grupo anterior; a Europa de Leste, Grécia e Portugal, com níveis mais reduzidos
em todas as práticas de ação coletiva; e a Roménia e o Chipre, que se destacam
por uma maior atividade em partidos políticos e uma reduzida participação nas
restantes práticas de ação coletiva.
a inquéritos internacionais como European Social Survey, a investigação apurou
a segmentação do espaço europeu em quatro grupos de países: a Europa do Norte,
com maior intensidade de práticas de ação coletiva, nomeadamente a atividade em
associações, assinatura de petições e o boicote de produtos; a Europa
Ocidental, que se carateriza pela presença regular no seu espaço social de
todas as práticas de ação coletiva, embora com menos intensidade do que no
grupo anterior; a Europa de Leste, Grécia e Portugal, com níveis mais reduzidos
em todas as práticas de ação coletiva; e a Roménia e o Chipre, que se destacam
por uma maior atividade em partidos políticos e uma reduzida participação nas
restantes práticas de ação coletiva.
Detendo-nos
no campo laboral e de participação sindical, é significativa a interdependência
entre condições de trabalho e ação coletiva.
no campo laboral e de participação sindical, é significativa a interdependência
entre condições de trabalho e ação coletiva.
Nuno Nunes
refere a proeminência de políticas neoliberais, com a adoção de medidas no
sentido da “(des)regulação dos mercados de trabalho, que provocaram alterações
práticas na cobertura e incidência da negociação coletiva e encorajaram a
flexibilidade na criação e manutenção de empregos”.
refere a proeminência de políticas neoliberais, com a adoção de medidas no
sentido da “(des)regulação dos mercados de trabalho, que provocaram alterações
práticas na cobertura e incidência da negociação coletiva e encorajaram a
flexibilidade na criação e manutenção de empregos”.
A
atividade e organização sindical têm sido um obstáculo ao incremento da
liberalização dos mercados, mas novas estratégias e técnicas de recursos
humanos criam compromissos laborais que corroem os vínculos dos trabalhadores
com os sindicatos. “Na relação capital/trabalho, os sindicatos são atores com
desigual equilíbrio de poderes (nacionais e globais)”, o que explica por que
estão “numa fase histórica de resistência ao neoliberalismo económico”.
atividade e organização sindical têm sido um obstáculo ao incremento da
liberalização dos mercados, mas novas estratégias e técnicas de recursos
humanos criam compromissos laborais que corroem os vínculos dos trabalhadores
com os sindicatos. “Na relação capital/trabalho, os sindicatos são atores com
desigual equilíbrio de poderes (nacionais e globais)”, o que explica por que
estão “numa fase histórica de resistência ao neoliberalismo económico”.
A
investigação demonstrou algumas convicções assentes na perceção da realidade. É
o caso, por exemplo, de que quanto mais estável é o vínculo contratual maior é
também a percentagem de trabalhadores sindicalizados – um facto no conjunto dos
países europeus, com exceção da Bélgica.
investigação demonstrou algumas convicções assentes na perceção da realidade. É
o caso, por exemplo, de que quanto mais estável é o vínculo contratual maior é
também a percentagem de trabalhadores sindicalizados – um facto no conjunto dos
países europeus, com exceção da Bélgica.
Embora as
relações entre sindicalização e ação coletiva não sejam lineares, os resultados
alcançados na pesquisa por Nuno Nunes permitiram constatar a relação entre
níveis de associação laboral e práticas de ação coletiva.
relações entre sindicalização e ação coletiva não sejam lineares, os resultados
alcançados na pesquisa por Nuno Nunes permitiram constatar a relação entre
níveis de associação laboral e práticas de ação coletiva.
“Os países
com maiores percentagens de práticas de ação coletiva por parte dos
trabalhadores por conta de outrem são também os que possuem, em termos
relativos, menos trabalhadores precários e semiprecários”, refere o sociólogo,
destacando a Suécia, Finlândia, Noruega, Dinamarca, Bélgica, Suíça, França,
Alemanha e Holanda. Do mesmo modo, é também nos países cujos mercados de
trabalho revelam maior satisfação profissional que a ação coletiva é mais
elevada.
com maiores percentagens de práticas de ação coletiva por parte dos
trabalhadores por conta de outrem são também os que possuem, em termos
relativos, menos trabalhadores precários e semiprecários”, refere o sociólogo,
destacando a Suécia, Finlândia, Noruega, Dinamarca, Bélgica, Suíça, França,
Alemanha e Holanda. Do mesmo modo, é também nos países cujos mercados de
trabalho revelam maior satisfação profissional que a ação coletiva é mais
elevada.
Pode
assinalar-se, afirma Nuno Nunes, que “a precariedade do trabalho – assente não
só no tipo de contrato de trabalho (precariedade objetiva) e na perceção do
trabalhador de que ficará numa situação de desemprego (precariedade subjetiva),
mas igualmente na pertença de classe e na posse de recursos organizacionais –
constitui fator inibidor da adesão a práticas de ação coletiva”. Percebe-se por
que é ideologicamente tão importante desregular o mercado de trabalho…
assinalar-se, afirma Nuno Nunes, que “a precariedade do trabalho – assente não
só no tipo de contrato de trabalho (precariedade objetiva) e na perceção do
trabalhador de que ficará numa situação de desemprego (precariedade subjetiva),
mas igualmente na pertença de classe e na posse de recursos organizacionais –
constitui fator inibidor da adesão a práticas de ação coletiva”. Percebe-se por
que é ideologicamente tão importante desregular o mercado de trabalho…
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Nuno Nunes
Desigualdades sociais e práticas de ação
coletiva na Europa
coletiva na Europa
Editora
Mundos Sociais, 11,30€
Mundos Sociais, 11,30€