A melhor poesia angolana

1-Qual a ideia que esteve na origem desta antologia de poesia angolana?
R- Já tínhamos feito uma primeira edição desta antologia em 2011, na sequência de uma primeiríssima que foi feita pela Dra. Irene Guerra Marques, em 1976, denominada “Poesia de Angola”. Como há muitos anos trabalhamos juntos, fomos publicando matéria essencialmente com o objectivo de ajudar os estudantes, professores e estudiosos da Literatura Angolana. Publicámos uma antologia do conto, os doze números do boletim “Cultura” da Sociedade Cultural de Angola e o respectivo processo na PIDE que levou ao seu encerramento em 1960 depois da atribuição do prémio Mota Veiga a Luandino Vieira e agora esta segunda edição da Antologia, mais exaustiva, mais completa e até com dados novos que entretanto vários investigadores nos foram fazendo chegar. A Dst através do Engº José Teixeira entusiasmou-se com a ideia e eis então esta segunda edição de “Entre a Lua o Caos e o Silêncio: a Flor”.

2-Como construíram esta selecção, sempre ingrata de fazer: quem entra e quem fica de fora?
R- A base tem sempre como fundamental as escolhas dos organizadores e aqui não foi diferente. Mas tentamos ser o mais abrangentes que é possível, partindo de autores/autoras que tivessem pelo menos dois títulos publicados.

3-A antologia percorre mais de quatro séculos de poesia. Mas, pensando nos autores mais jovens, que caminhos se conseguem já vislumbrar para o futuro da poesia angolana?
R- Há uma como que autonomização do ponto de vista da utilização da língua, transgressões naturais da língua portuguesa com a introdução de termos criados ou recriados a partir do linguajar do cidadão comum; há temas que começam a ter importância como nunca tiveram como é o caso do feminismo. E ao contrário de alguns sintomas muito conservadores que atingem níveis assustadores, em resultado da conversão religiosa (pseudo?) quer de gerações que há década e meia se reclamavam de marxistas quer dos mais novos, os jovens poetas têm maior autonomia e não caminham necessariamente a par das politiquices do quotidiano. Começa também a surgir, na linha do que a minha geração também já tinha retomado, a chamada poesia de intervenção, como reacção natural às opções liberais e neoliberais do poder político.
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Carlos Ferreira/Irene Guerra Marques (org.)
Entre a Lua o Caos e o Silêncio: a Flor
Guerra e Paz  25€

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