José Carlos Barros: E tudo é como a poesia

Crónica
| Rui Miguel Rocha

Começamos pelas aves e pelo amor, de como este último não se organiza. Depois os girassóis do Alentejo, quase tão verdadeiros como os de Van Gogh, ou, mais a norte, a florista do Bolhão comentando o preço dos girassóis em Nova Iorque (falta a caralhada, Zé Carlos…). Passamos ao problema dos espólios, das heranças, do que temos a mais e acumulamos e não temos sítio para guardar: “e não sabe o que fazer/do Cavalo”. E o amor que não se pode ter às mãos cheias “se ao menos o teu coração/também se pudesse/circunscrever”, para assim não cortar as veias dos braços, ou então tatuar o “teu nome/nos pulsos”, pois não te queremos num altar, mas anjo sem asas “para que pudesses voar”, ou unicamente para desertar da “caderneta militar”. Nem toda a tecnologia abarca tudo, só o coração, nem todos os templos são de palavras, mas pedra e mãos, nem toda a infância é recreio, mas navalha.

Gostaria de me encontrar nas notas do teu avô Francisco, principalmente “Os/que enlouquecem/devagar.”

E tudo é como a poesia: “quando nos dói/é bom ficar uma marca no corpo”

Obrigado Zé Carlos.
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José Carlos Barros
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