100 anos, 100 objectos, 100 histórias
1-Como surgiu a ideia deste livro «Vozes ao Alto»?
R- Há ideias que se vão formando lentamente, fruto de leituras e de reflexão. Vão surgindo na conversa, vão-se construindo. E num fim de tarde, numa mesa de esplanada, numa praça chamada de Movimento das Forças Armadas, a ideia de associar objectos, vozes e histórias para contar os 100 anos do PCP tornou-se algo que queríamos mesmo fazer. E, também por isso, era preciso encontrar outras vontades, outros olhares. No decorrer do tempo, através da escrita e da fotografia, o livro tomou forma, com base numa premissa central partilhada por todos: nem os textos são legenda das fotografias, nem estas a ilustração do que foi escrito.
2-Como fizeram a escolhas destes 100 objectos e das histórias que eles ajudam a contar?
R- Não foi fácil escolher estes objectos. Tínhamos de partir à procura, com ideias do que queríamos descobrir, mas não deixando de estar abertos a encontros. Mesmo com uma estrutura pensada, existiu o encantamento e a emoção de ver e tocar objectos inesperados. Alguns, que denominamos de âncora, teriam de figurar na estrutura que acompanha os anos do PCP e os principais momentos da sua história. Outros objectos foram escolhidos pela sua singularidade e pela história que traziam consigo. Mas, além destes, era essencial ter as pequenas coisas do quotidiano, algumas comuns e vernaculares, mas que nos permitiam contar histórias, recuperar vozes individuais que se entretecem em outras formando um colectivo partidário de várias gerações. Como se uma história singular nos permitisse reencontrar e desocultar tantas outras pessoas.
3-Que objectos mais vos surpreenderam?
R- Todos temos um objecto que nos surpreendeu, pela sua descoberta, e outros que nos tocaram emocionalmente, quando associados à voz ou às vozes, às histórias. É dificil destacar um apenas.Por exemplo, o frasco de feijões da Reforma Agrária. Um frasco de vidro que podia estar em qualquer das nossas cozinhas. Mas, guardado e reencontrado, vejo-o feito de esperança e alegria. Ou os objectos feitos na prisão, enquanto todo, não por representarem a natureza repressiva do regime,antes a capacidade de resistir à mesma em situações-limite, através do engenho, arte e criatividade. São objectos com uma forte carga emocional. Ou ainda a foice e martelo de 1937, de um período de fascização do regime e que foi emparedada numa casa em construção nas Caldas da Rainha, como que em modo de cápsula do tempo, deixando uma mensagem de esperança num outro futuro possível. Foi descoberta já depois do 25 de Abril. É difícil destacar um apenas…
__________
Colectivo 100 Anos
[Adriano Miranda, Cristina Nogueira, Egídio Santos, Isabel Nogueira, Maria Alice Samara, Paulo Pimenta e Vanessa Almeida]
Vozes ao Alto
Edição Colectivo 100 Anos 30€
COMPRAR O LIVRO | Enviar mensagem para: 100objectos@gmail.com